Juiz-forano apitou primeira partida internacional de mulheres com paralisia cerebral da história
Árbitro com paralisia cerebral, Igor Monteiro também atuou no Mundial de Futebol para Pessoas com Paralisia Cerebral Sub-19
Na última semana, entre os dias 8 e 15 de agosto, o árbitro juiz-forano Igor Monteiro, 28 anos, que possui paralisia cerebral, marcou história em um momento que ele destaca como um dos mais importantes de sua carreira. O profissional foi até a Espanha, em Sant Cugat, província de Barcelona, e não apenas trabalhou em cinco partidas da Copa do Mundo de Futebol para Pessoas com Paralisia Cerebral Sub-19, convocado pela Federação Internacional de Futebol para Pessoas com Paralisia Cerebral (IFCPF), como também foi responsável por apitar a primeira partida feminina internacional de mulheres com paralisia cerebral da história.
Igor viu o Brasil ser campeão mundial na categoria e ainda trabalhou como árbitro central nos duelos Espanha x Tailândia e Brasil x Tailândia, além de ser o quarto árbitro de Brasil x Espanha, e outros dois confrontos entre Brasil e Tailândia e Espanha e Tailândia. “Fiquei muito feliz por ter participado e apitado partidas de altíssimo nível. Graças a Deus fui muito bem avaliado pela comissão de arbitragem e tive a oportunidade de trabalhar com um árbitro que pertence atualmente ao quadro da FIFA, o Nathan-Chan, de Cingapura, e foi sensacional. Foi ótimo participar de uma competição internacional para pessoas com paralisia cerebral”, destaca o juiz-forano.
E ele não parou por aí. Com a realização do primeiro Camp de Futebol para mulheres com paralisia cerebral em Sant Cugat, Igor foi escalado para apitar a primeira partida internacional feminina entre mulheres com esta deficiência. O jogo envolveu nove jogadoras da Espanha, duas da Holanda e duas do Japão, em um evento que contou com o apoio também da Federação Holandesa de Futebol (KNVB) e que jamais será esquecido pelo árbitro local.
“A iniciativa do feminino foi um momento maravilhoso e que vou levar para sempre com muito carinho no meu coração. Essas meninas são demais, excelentes jogadoras e que desafiam a deficiência constantemente. Boa parte das meninas lá falava de dois a três idiomas. Ganhei uma medalha ao final dessa participação e foi a mais especial que já recebi na vida. Ter uma oportunidade como essa é sensacional e serve muito para a gente valorizar o esporte, ver a importância da participação sem a obrigação de ter que ganhar”, reitera.
Inspirado na experiência, Igor ainda deu o pontapé inicial em processo importante como professor no Colégio de Aplicação João XXIII: vai repassar aos alunos o que aprendeu no período em que esteve na Espanha. “Nessa sexta pela manhã, iniciamos uma fase muito importante que é o retorno para a comunidade. Dividi com os alunos do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio João XXIII um pouco dessa experiência e da participação das pessoas com paralisia cerebral no futebol. Foi muito especial.”
Sonho realizado
Nos momentos de lazer, em meio aos trabalhos em campo, Igor ainda realizou o sonho pessoal de conhecer a Cidade Esportiva Joan Gamper, centro de treinamento do Barcelona, ao assistir uma partida das donas da casa, e, de quebra, ainda tirar uma foto com atleta da Seleção Brasileira. “Pude assistir a um jogo do Barcelona feminino. Foi uma partida de pré-temporada entre Barcelona e Sant Gabriel, no CT do Barcelona. E, ao final da partida, pude tirar uma foto com a Andressa Alves e trocar algumas palavras com ela, que foi muito gentil. É uma grande jogadora e uma atleta exemplar. Foi um prazer e também tive a honra de assistir a Lieke Martens (holandesa), eleita pela Fifa no último ano como a melhor jogadora do mundo. Todas me receberam muito bem”, realça.
Em momento de tamanha conquista, Igor não deixa de lembrar alguns dos profissionais importantes em sua trajetória. “Tenho que agradecer nomes como Adilson Mattos e Álvaro Quelhas, fundamentais no meu início, além da Federação Internacional de Futebol para Pessoas com Paralisia Cerebral por ter confiado no meu trabalho e me dado essa oportunidade e instituições que me ajudaram na ida. Foram momentos inesquecíveis em Barcelona. Para se ter uma ideia, não saía um palavrão da torcida, que participava de uma maneira cordial, educada, algo que o esporte paralímpico traz.”