Além da reforma
A recuperação do prédio do Grupo Central é importante, mas é necessário manter o espaço em condições adequadas para a formação dos jovens, hoje em um local provisório, o que já dura quase cinco anos
A reforma e a restauração da Escola Estadual Delfim Moreira, ora definidas em edital publicado pelo Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DEER), são obras importantes para a cidade e para os estudantes, dando margem para uma discussão mais apurada do seu significado. O Grupo Central, construído como homenagem ao imperador d. Pedro II — ele não aceitou a doação —, abrigou durante anos centenas de alunos da rede pública, hoje em um espaço provisório, depois de peregrinações por outros pontos na área central da cidade. Esse período é revelador do timing do Estado. Há quase cinco anos, a sede da escola está improvisada em um prédio na esquina das ruas Santo Antônio e Fernando Lobo e se discute a restauração do prédio, só agora saindo do papel.
Enquanto isso, os alunos — muitos deles já fora da instituição — tiveram uma vida nômade, estudando em condições inadequadas exatamente numa fase em que a atenção é fundamental para a sua formação. Sem áreas de lazer, fizeram da rua o seu local, fato que gerou até mesmo conflitos na área urbana ante as dificuldades para abrigá-los de forma ideal.
A lição a ser tirada serve para os atuais e futuros dirigentes: é fundamental manter, após a revitalização, uma estrutura mínima de conforto para os estudantes, a fim de fazer da escola um espaço de acolhimento, capaz de provocar o interesse pelos estudos e pela consequente educação formal. Quando não há essas condições, ocorre apenas o cumprimento do manual escolar, com resultados que o dia a dia revela, a começar pelos analfabetos funcionais que cumpriram um currículo, terminaram o curso, mas não fizeram dele um investimento para o futuro.