Projeto do Sesc traz o espetáculo ‘P’s’ para Juiz de Fora
A potiguar Trapiá Cia. Teatral apresenta monólogo, com entrada gratuita, inspirado em obra do filósofo francês Michel Foucault
Projeto do Sesc que busca a difusão e intercâmbio das artes cênicas, o Palco Giratório chega a Juiz de Fora neste sábado (16), às 20h, com a apresentação do drama “P’s”, da potiguar Trapiá Cia. Teatral, no Teatro Paschoal Carlos Magno.
Esta será a primeira apresentação do grupo teatral oriundo do Rio Grande do Norte em Juiz de Fora, que tinha apresentação marcada para a noite de sexta-feira (15) em Belo Horizonte, sua estreia em terras mineiras. Formado em 2014, a Trapiá roda com o espetáculo desde 2015. Ele é inspirado no livro “Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão”, do escritor e filósofo francês Michel Foucault, e foi transformado em monólogo pelo dramaturgo e psiquiatra Gregory Haertel, a pedido do diretor Lourival Andrade.
O ator responsável por interpretar o único personagem da peça é Alexandre Muniz, premiado como melhor ator no Festival Internacional de Teatro de Blumenau (SC). Na história, baseada em um crime ocorrido na França no século XIX, P é um jovem que assassina seus familiares mais próximos de forma brutal. A partir desse crime, o texto mostra diversas fases de sua vida até a série de homicídios, culminando em seu suicídio. Ao mostrar o homem por trás da tragédia, o objetivo não é justificar seus atos, mas sim aproximá-lo do público e – por que não? – de nós mesmos.
“Eu tinha lido o livro há muitos anos, ele ficou na minha cabeça”, conta Lourival. “Cheguei a passá-lo para dois dramaturgos para fazerem a adaptação, mas não rolou na época. Mudei então para o Rio Grande do Norte (ele é catarinense), e mandei o texto para o Gregory, que topou e conseguiu fazer a adaptação.” Segundo o diretor, os únicos pedidos feitos pelo grupo para o dramaturgo foram que o livro fosse transformado em monólogo – com o único personagem dialogando com as outras pessoas da trama -, que a história permanecesse temporalmente no século XIX mas fosse transposta do interior francês para o sertão nordestino.
Em constante diálogo com o público
Em sua 21ª edição, o Palco Giratório busca maior interação entre artistas e público. Em Juiz de Fora, a Trapiá Cia. Teatral tem outros dois compromissos além da peça. Na segunda-feira (18), o grupo realiza a oficina “O som da cena” no Sesc, em que vai demonstrar na prática como confeccionar instrumentos com materiais de diversos tipos e como eles podem ser utilizados no teatro. Esse processo será exemplificado com algumas cenas de “P’s”. Na terça (19), acontece o “Pensamento giratório”, também no Sesc – uma conversa sobre o processo colaborativo na construção da espetacularidade, a partir do conhecimento dos artistas em áreas como história e psicologia.
“Para nós é fundamental o diálogo com o público. Sempre conversamos com a plateia depois dos espetáculos sobre nossa trajetória, processo de criação, e também queremos saber as opiniões deles”, diz. “Afinal alguns vão porque leem Foucault, ou se interessaram pela trama, gostam de teatro, são ligados à psicologia, direito. Ter um público variado para discutir é fundamental, pois a peça sempre está em um processo de ressignificação.”
P’S
Sábado (16), às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno (Rua Gilberto de Alencar s/nº – Centro). Entrada gratuita, mediante a retirada de ingresso na Central de Atendimento do Sesc Juiz de Fora. Espaço sujeito a lotação (400 lugares)
Tragédia ocorrida na França do século XIX é transposta para o sertão nordestino