Os direitos da gente
Como ser pobre e não defender os Direitos Humanos? Como ser negro e não defender os Direitos Humanos? Como ser morador da periferia e não defender os Direitos Humanos? Como ser mulher e não defender os Direitos Humanos? Como ser LGBT e não defender os Direitos Humanos? O que me parece algo simples, uma questão de pele, de identidade, não é assim que acontece. O ser humano tem suas contradições que fogem à explicação. Nas redes sociais, deparei-me com várias mulheres, negras e pobres tentando macular a memória da vereadora assassinada Marielle Franco. Muitas, em tom de revolta e de ódio, cobrando pela memória de outras mortas, de outros mortos. Por quê? É claro que todas essas mortes devem ser cobradas, justiçadas. É óbvio! Violência também se combate com justiça. É preciso entender que a morte de Marielle simboliza todas as outras.
Este desprezo por tudo que a parlamentar carioca representa, sendo ela negra, mulher, lésbica, favelada e socióloga, é incompreensível quando olhamos para esses ataques que vêm de pessoas parecidas. Ela defendia os Direitos Humanos, e não há como não defendê-los. Não somos todos humanos? Ou será que não? E não pense de forma rasa que Direitos Humanos só servem para defender bandidos. Isso é entendimento de preguiçoso, de quem não quer ler e estudar. Aliás, educação faz parte dos Direitos Humanos. Então, antes de aderir ao ódio gratuito, de ser eco de ideologias que não entende, é melhor se informar. Informação verdadeira é a cura para a ignorância, viu? Em tempo, vale dizer que o movimento contemporâneo pelos Direitos Humanos surgiu após a Segunda Guerra Mundial, como consequência dos horrores cometidos durante o conflito. Eles incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre outros. São direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.
Às vezes, em razão da minha posição, as pessoas me perguntam se sou de esquerda, comunista ou socialista. Não sei. Sou de uma família na qual política não é um assunto muito debatido. Mas penso que, se a esquerda e o comunismo pregam a igualdade, a liberdade, o respeito entre as pessoas, a tolerância, que são coisas que eu defendo, talvez eu seja, sim. Todavia, isso aprendi antes de ter uma consciência política. Esses valores me foram passados na minha primeira aula de catecismo pela tia Euzébia, catequista da minha primeira comunhão, quando ela ensinou o primeiro mandamento: “Amar a Deus e ao próximo como a ti mesmo”.
Quando a gente ama ao próximo, é preciso entender que temos que lutar por solidariedade, compaixão, oportunidades iguais para todos. Tenho que pensar que o que é bom para mim é bom para todos. Infelizmente, hoje, o mundo, coberto pela nuvem do neoliberalismo, é bom só para alguns, principalmente os ricos. Os pobres, os negros, os índios, as mulheres e demais minorias estão sendo abandonados. Então, repito, não dá para não defender os Direitos Humanos, que são os direitos da gente!
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