Tudo que vocĂȘ precisa fazer antes, durante e depois de uma reforma
Veja que atitudes tomar para que a sua obra corra no tempo previsto e não atrapalhe a rotina da vizinhança
Realizar uma reforma quando se mora em condomĂnio requer cuidados que vĂŁo alĂ©m das regras de convivĂȘncia, atĂ© porque se a obra costuma ser estressante para quem a realiza, imagina para quem convive com ela sem querer. Atentar-se aos horĂĄrios de silĂȘncio e buscar a orientação de um engenheiro ou um arquiteto sĂŁo fundamentais para que a reforma aconteça sem problemas nem aborrecimentos.
Documentos legais
A Secretaria de Atividades Urbanas (SAU) ressalta que, embora as reformas que envolvam intervençÔes simples, como pintura, troca de revestimentos, rebaixamento de gesso, troca de portas e janelas, entre outros, nĂŁo necessitem de apresentação de projeto, Ă© exigida a Anotação de Responsabilidade TĂ©cnica (ART) ou Registro de Responsabilidade TĂ©cnica (RRT) da execução, que serĂĄ feita por um engenheiro ou arquiteto. JĂĄ para a ampliação de ĂĄrea construĂda, bem como coeficiente de construção com possĂvel aumento de ĂĄrea, alĂ©m da ART ou RRT, exige-se tambĂ©m o projeto arquitetĂŽnico. Ou seja, a ART ou RRT sempre serĂĄ exigida. Ambas as situaçÔes podem ser fiscalizadas pelas oito Regionais da Secretaria de Atividades Urbanas da Prefeitura de Juiz de Fora.
Nesses documentos, conforme ressalta o advogado especialista em direito imobiliĂĄrio, Fellipe SimĂ”es Duarte, deve constar a descrição de impactos nos sistemas, subsistemas, equipamentos e afins da edificação. No caso de obras em prĂ©dios, o morador deve encaminhar o plano de reforma ao responsĂĄvel legal da edificação, o sĂndico, para anĂĄlise antes do inĂcio da obra de reforma. “O plano deve atender a algumas condiçÔes, como estudo que garanta segurança da edificação e dos usuĂĄrios, escopo dos serviços a serem realizados, cronograma da reforma, dentre outros. Ă importante, ainda, que o condĂŽmino conheça as regras de horĂĄrios, limpeza das ĂĄreas comuns e despejo de entulho”, comenta Fellipe.
O que pode e o que nĂŁo pode
Quando se vive em condomĂnios, todos os moradores, sejam eles proprietĂĄrios ou inquilinos, devem seguir a convenção do condomĂnio, que inclui tudo o que ficou convencionado em relação Ă edificação e ao regimento interno, que estabelece regras de convivĂȘncia. As regras abrangem o uso de ĂĄreas comuns e, principalmente, os horĂĄrios em que sĂŁo permitidas obras. Atente-se, tambĂ©m, Ă s legislaçÔes municipal e estadual sobre o silĂȘncio. No caso da realização de uma reforma, o proprietĂĄrio deve seguir todas as regras para nĂŁo sofrer sançÔes. “Geralmente o nĂŁo cumprimento de uma dessas regras implica no pagamento de multas, desde que tudo esteja estabelecido e descrito no regimento”, alerta AurĂ©lio.
AlĂ©m de seguir orientaçÔes quanto ao horĂĄrio, o advogado Fellipe reitera que a ABNT possui uma norma tĂ©cnica – NBR 16.280 – que trata de reformas em edificaçÔes, que entrou em vigĂȘncia em abril de 2014.
Comunicação é tudo
Com todos os documentos em mĂŁos, Ă© hora de comunicar aos moradores sobre a reforma. Segundo AurĂ©lio, cabe ao sĂndico informar a todos sobre a movimentação dentro do prĂ©dio. “Ele precisa saber de todos os detalhes para elaborar a circular. O sĂndico nĂŁo pode proibir nenhuma intervenção, a nĂŁo ser que a mesma seja restrita no regimento interno”. No entanto, na visĂŁo do advogado, Ă© simpĂĄtico, por parte do proprietĂĄrio, conversar com os vizinhos a fim de evitar problemas. “Ă melhor se antecipar e explicar aos vizinhos sobre a reforma a correr o risco de futuras reclamaçÔes”, orienta. Dependendo do condomĂnio, principalmente se a obra for muito grande, a arquiteta Carolina Leite sugere que o proprietĂĄrio convoque uma reuniĂŁo. “O mais importante Ă© informar sobre o cronograma, estimando o tempo em que os vizinhos terĂŁo de conviver com a obra.”
Todo cuidado Ă© pouco
AlĂ©m dos horĂĄrios, o proprietĂĄrio deve se preocupar em estabelecer momentos em que os materiais serĂŁo entregues e qual elevador serĂĄ utilizado para esta finalidade. Segundo Fellipe, Ă© recomendĂĄvel usar apenas o elevador de serviço, quando houver. Ele deve ser forrado para evitar danos Ă sua estrutura. Outra boa prĂĄtica Ă© informar sobre as pessoas que irĂŁo transitar durante a reforma. Em alguns casos, o sĂndico pode exigir um cadastro desses profissionais. O advogado lembra que o uso de ĂĄreas comuns, como salĂŁo de festas e ĂĄrea de lazer, Ă© destinado aos moradores, mas caso for preciso, o morador pode pedir autorização para que os profissionais da obra as utilizem como suporte para a reforma.
A arquiteta Carolina destaca que o proprietĂĄrio deve, sempre que possĂvel, minimizar os transtornos, sobretudo quanto Ă sujeira. “Tente vedar o apartamento para que o pĂł da obra nĂŁo saia e tambĂ©m coloque um pano de chĂŁo molhado na entrada do apartamento, para que as pessoas limpem os pĂ©s e nĂŁo levem a poeira para o corredor e ĂĄreas comuns. Informe os vizinhos quando o fornecimento de ĂĄgua ou energia precisar ser interrompido para a realização de alguma intervenção. No caso de reformas em ĂĄreas molhadas – banheiro e cozinha -, peça ao vizinho de cima ou de baixo para ficar atento quanto a vazamentos. Quanto antes identificar o problema, melhor.”
Gentileza gera gentileza
ApĂłs finalizar a reforma o proprietĂĄrio deve, novamente, comunicar o sĂndico. AlĂ©m disso, deve informar sobre os profissionais, dizendo que eles nĂŁo vĂŁo mais frequentar o prĂ©dio. “Ă interessante que o morador informe aos vizinhos e os agradeça pela compreensĂŁo. Uma dica Ă© enviar uma carta aos condĂŽminos com esses dizeres”, sugere Fellipe. Se sobrou material e entulho, o descarte dos mesmos Ă© de responsabilidade de quem realizou a obra. “O correto Ă© que o condĂŽmino contrate uma caçamba para buscar o lixo. Ele nĂŁo deve deixĂĄ-lo nas ĂĄreas comuns do prĂ©dio”, finaliza AurĂ©lio.