Bombeiro é suspeito de atirar contra ladrão que invadiu seu restaurante
O ferido é morador do Santa Cecília, na Zona Sul, e conhecido no meio policial por vários furtos e outros delitos naquela região
Um bombeiro militar de 43 anos é suspeito de disparar contra um homem, 40, que teria arrombado e furtado seu estabelecimento comercial, na madrugada desta segunda-feira (15), no Bairro São Mateus, na Zona Sul de Juiz de Fora. O tiro teria sido disparado por volta das 3h na Avenida Itamar Fraco, próximo ao Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus. Segundo informações do boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, após ferir o suspeito no ombro, o comerciante chegou a socorrê-lo em sua caminhonete até o HPS, mas não aguardou a chegada da polícia. Até o fim da manhã, ele não havia sido localizado pela PM e nem se apresentado ao quartel do 4º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM), onde é lotado, segundo as assessorias das corporações.
A PM chegou ao suposto local do disparo após ligação feita ao 190 informar que uma pessoa teria sido alvejada pelo condutor de uma Toyota Hilux preta. Os militares não constataram qualquer movimentação no endereço indicado, mas logo souberam que o condutor da caminhonete havia comparecido ao HPS e entregue o baleado para atendimento médico. Conforme a PM, o ferido é morador do Santa Cecília, na Zona Sul, e conhecido no meio policial por vários furtos e outros delitos naquela região. O tiro entrou pelo ombro dele, transfixou o pescoço e ficou alojado no maxilar.
O paciente estava lúcido e, inicialmente, relatou aos policiais apenas que transitava pela Itamar Franco, quando foi abordado pelo motorista de uma caminhonete preta, o qual determinou que ele deitasse no chão, disparando em seguida. O homem baleado confirmou ter sido socorrido pelo próprio atirador. Por meio de consulta à placa do veículo, a PM chegou até a casa do suspeito de disparar, no Teixeiras, na mesma região. A empresária e esposa dele, 41, revelou que seu marido é militar do Corpo de Bombeiros, lotado no 4º BBM. Ela acrescentou que ele havia detectado o disparo de alarme no restaurante do casal, situado na Rua São Mateus. Diante da situação, ele saiu para averiguar o ocorrido e não havia retornado até a chegada da polícia.
Diante das novas informações, a PM retornou ao HPS e, em novo contato, o ferido teria confessado ser o autor do furto no estabelecimento comercial, acrescentando ter subtraído um televisor e seis garrafas de cerveja long neck. O esconderijo do material foi indicado pelo suposto ladrão e recuperado pela PM durante o registro da ocorrência. O paciente recebeu voz de prisão em flagrante por furto e permaneceu internado sob escolta. Segundo a assessoria da Secretaria de Saúde, até a tarde de ontem, ele estava em observação, lúcido, estável e orientado. Conforme a polícia, foram esgotados todos os meios de tentar localizar o bombeiro, inclusive foi comunicado o 4º BBM sobre o ocorrido, mas ele não foi encontrado. A Perícia da Polícia Civil realizou os levantamentos no restaurante arrombado.
Não reagir
Assessor organizacional da 4ª Região da PM, major Jovânio Campos alerta que as vítimas de crimes não devem reagir, inclusive em casos de furto ou roubo. “Primeiramente, não reagir e nem procurar reaver seu produto isoladamente. O procedimento ideal seria acionar o 190 para a viatura atuar e preservar a segurança do cidadão. É um momento de muita tensão, mas pedimos que a vítima tente observar características dos autores que possam facilitar o trabalho da polícia após o evento, como vestimentas e veículo utilizados.” Segundo ele, a pessoa pode até acompanhar à distância a movimentação do suspeito para abastecer a polícia com informações, mas nunca deve realizar a abordagem.
Ainda conforme o assessor, no caso do bombeiro militar, o delegado responsável deverá analisar a real situação, mas, diante da reação, a vítima de furto poderá responder por crimes como lesão corporal e tentativa de homicídio. “A PM recomenda não reagir em hipótese alguma para também não se tornar vítima de crime contra a pessoa.”
De acordo com a assessoria do 4º BBM, até a publicação desta reportagem, o bombeiro não havia se apresentado ao quartel. “O militar tem porte de arma e existem procedimentos administrativos para casos como esses”, afirmou a corporação. Já a parte criminal fica a cargo da Polícia Civil.