A final de Joesley
Tudo bem que o Tite deu jeito na Seleção, mas, o fato é que o Brasil segue enfurnado no caos. O cenário político de nossa nada divina tragicomédia é dantesco. Se o futebol é o ópio do povo, permito-me a uma breve viagem surrealista. Desde terça-feira, tenho imaginado um certo Joesley assistindo a uma final de campeonato. Ao apito inicial do árbitro, ele, então presidente do clube de coração, já soltaria seu caipirês confiante: “Nós vai ser que vai bater o prego da tampa*!”
A confiança nada polida não diminuiria no decorrer do jogo. “Bota pra f… bota pra f… Põe pressão neles pra eles entregar tudo.” Joesley também desafiaria os amigos: “Eu aposto 100 pra um. Não é 10 pra um, não.” O gol adversário, no entanto, corta a carne do dono do frigorífico. “Nós não estamos apanhando nada”, diz em tom de negação, enquanto vê o rival da decisão ampliar o marcador.
Chega o intervalo. A diferença é gritante. O revés, certo. Joesley se dirige para a cabine de honra do estádio. Refestelando-se nos comes e bebes do camarote da federação, tenta botar pressão na cartolagem. Pede a cabeça do trio de arbitragem. “Qual a influência que você tem nesse? E nesse? E esse f… da p…, como é que é?”
A negociação por baixo dos panos, no entanto, não rende o fruto esperado. Seu time toma mais um, dois, três gols… A derrota é mais flagrante que mala de dinheiro em apê emprestado em Salvador. A Joesley só resta jogar para a torcida: “Erramos e pedimos desculpas”, admite, já de olho na próxima temporada.
*Cada uma das aspas creditadas a nosso torcedor imaginário merece uma infinitude de [sic].