JF pode receber apoio para aumentar exportação
Apex tem realizado ações para ampliar a participação de quem já exporta e incentivar o ingresso de novas empresas no mercado externo
Juiz de Fora pode receber apoio para aumentar e diversificar a atividade de exportação. A cidade, que é polo laticinista e cervejeiro, pode ter nestes setores a base para impulsionar uma maior participação no mercado externo. O primeiro segmento já possui demanda estabelecida em países da África, enquanto o segundo caminha para conquistar o mercado externo.
A avaliação foi feita pela diretora de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Márcia Nejaim, durante a sétima edição do Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros (Enecob) realizado em Porto Alegre (RS) nos dias 26 e 29 de julho. A Tribuna de Minas esteve entre os 15 veículos do interior do país convidados para o evento, que discutiu exportação e atração de investimentos para o Brasil.
Em Juiz de Fora há apenas 14 empresas exportadoras, que têm o zinco em forma bruta, o fio-máquina de ferro ou aço e instrumentos e aparelhos de medicina, cirurgia, odontologia e veterinária como os principais produtos comercializados ao exterior, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). A ampliação da participação de quem já exporta e o incentivo para que novos negócios iniciem a atividade são apontados pela Apex como caminho para o desenvolvimento econômico. “Empresas que exportam geram empregos, melhoram a qualidade e aumentam a competitividade para sobreviver em tempos de crise”, defende Márcia. “A Apex tem trabalhado para identificar novas oportunidades de mercado em outros países e qualificar empresas brasileiras para atendê-las.”
Segundo ela, os setores laticinista e cervejeiro podem ser possibilidades para a exportação juiz-forana. “Recentemente, verificamos a demanda por produtos lácteos em Angola, Argélia e Egito”, diz. “A cerveja artesanal é um mercado relativamente novo, que vem ganhando força internamente. Acreditamos que também encontraremos espaço lá fora. A Apex tem um trabalho forte de divulgação do setor de alimentos e bebidas.” Ainda este ano, a agência pretende divulgar estudo sobre a demanda do mercado chinês por estes tipos de produto.
Municípios devem reconhecer vocações
De acordo com a diretora de negócios da Apex, Márcia Nejaim, para o processo de exportação é necessário que as cidades reconheçam as próprias vocações. “Se o município não sabe seus atributos não tem como ganhar mercado. Exportar é competir com o mundo.” Ela destaca, também, a importância da mentalidade do empresariado brasileiro que deve pensar nesta oportunidade. “Temos empresas com grande capacidade produtiva que abastecem o mercado interno, mas ainda não consideram a possibilidade do mercado externo. É preciso disseminar esta ideia.”
A vice- presidente do Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (Ceciex) e palestrante do Enecob, Damaris Eugênia da Costa, garante que a exportação é viável para qualquer empresa. “É um processo que exige qualificação e maturidade, possível para todos. Temos que desmitificar a ideia de que ‘sou pequeno, não posso exportar.’ É claro que pode! É preciso, apenas, se preparar para isso.”
A Apex oferece gratuitamente programas setoriais de qualificação com ações personalizadas para guiar as empresas ao mercado externo. Nesta metodologia, é feito um diagnóstico para definir qual o caminho a ser percorrido, assim como as ferramentas que serão utilizadas, que vão desde o preparo técnico até a participação em feiras e missões internacionais.
Até o momento, a Apex apoia cerca de 13 mil empresas nacionais que atuam em 89 setores da economia exportam para 222 destinos diferentes. “Estamos trabalhando ações de fomento à exportação em todas as regiões do país. As empresas nos procuram via Sebrae, associações empresariais e federações das indústrias, mas também podem procurar diretamente nossa equipe.”
Os contatos estão disponíveis no site www.apexbrasil.com.br.
Brasil ainda atrai investimentos internacionais
Mesmo com a crise, o Brasil continua despertando interesse de investidores estrangeiros. O país é o oitavo destino no mundo que mais recebe investimentos internacionais. “Acredito que nossa resiliência é vista de forma positiva”, disse o embaixador e presidente da Apex, Roberto Jaguaribe, durante o evento ao citar como os escândalos de corrupção interferem na imagem do país no exterior. Para ele, ainda é necessário melhorar esta imagem para ampliar os negócios. “Somos a oitava economia do mundo, mas ocupamos a 45ª posição no ranking de comércio exterior. Estamos trabalhando para promover a imagem do país como parceiro de negócios.”
A pesquisa mais recente feita pela Apex mostrou que o Brasil é visto como local que tem como aspectos positivos a receptividade e as riquezas naturais. Entre os pontos fracos estão a corrupção, a burocracia e a baixa autoestima. Para modificar esta imagem, a agência criou a campanha Be Brasil realizada em diferentes plataformas. “Apresentamos o país como um lugar criativo, determinado com entregas sustentáveis e de qualidade”.
Apesar dos cenários político e econômico conturbados, o Brasil registrou aumento de 24% das exportações no primeiro semestre deste ano. O Sudeste foi responsável por 70% do volume exportado, e Minas Gerais é o segundo estado exportador, atrás apenas de São Paulo. “As indústrias de transformação e extrativa são as principais exportadoras da região”, analisa Márcia. Na contramão desta realidade, Juiz de Fora teve queda de 16% da atividade, no mesmo período. O município participa com apenas 0, 4% do volume exportado em Minas, sendo o 45° lugar no ranking estadual. No país, ocupa a 296° posição.