Economia chega a TV por assinatura
>> Juiz-foranos cortam serviços essenciais
>> Salões e restaurantes mais vazios
O economista da CNC, Fábio Bentes, destaca a mudança no comportamento do consumidor que transformou os serviços de informação e comunicação em essenciais. “Parte deste segmento, como telefonia e internet, se tornou fundamental à vida dos brasileiros. As pessoas não consideram mais estes serviços como despesa extra e tentam, ao máximo, mantê-los. Diferente da TV por assinatura, que é uma das primeiras a ser cortada nos períodos de crise econômica.”
Este novo perfil é verificado entre os juiz-foranos. Os dados mais recentes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostram que 2017 começou com um corte de assinaturas de TV, mas as operadoras de telefonia afirmam que não sentiram impacto nos planos de celular e internet. No caso da TV, a cidade registrou 564 assinantes a menos em janeiro frente dezembro de 2016. A redução ocorrida em apenas um mês supera a que aconteceu em todo o ano de 2015, quando foi verificado o corte de 560 assinaturas. Naquele ano, o total de assinantes de TV paga caiu de 58.336 para 58.183. Em 2016, o número voltou a crescer, chegando a 60.881 em outubro. Mas desde então, tem registrado quedas consecutivas.
Planos mais baratos
A Anatel não possui dados municipais sobre planos de celular e internet. Procurada pela Tribuna, as operadoras informaram que não sofreram diminuição do número de clientes, mas algumas perceberam maior procura por ofertas e planos mais baratos. A assessoria da Oi explicou que a empresa tem investido na convergência de serviços para aumentar a fidelização. “No terceiro trimestre de 2016, tivemos crescimento de 20,5% na receita de dados de mobilidade pessoal em comparação com igual período de 2015”, afirmou em nota. “A questão financeira é relevante, e os clientes procuram planos mais econômicos, que englobem outros serviços (combo). ”
Neste sentido, a assessoria da Claro também destacou a adesão às ofertas no segmento pré-pago e plano controle. “A empresa entende que os usuários estão cada vez mais conectados e, por isso, tem focado em oferecer opções de pacotes de dados aliados a conteúdos exclusivos.”
Já as operadoras Tim e Vivo observaram crescimento da procura por pacotes mais caros. “O número de clientes da operadora no DDD 32 se manteve estável, se comparados os meses de janeiro de 2016 e janeiro de 2017. O destaque deste período é o crescimento da base pós-paga da operadora, que teve a adição de aproximadamente nove mil novos clientes”, afirmou a assessoria da Tim. “De janeiro de 2016 a janeiro de 2017, a Vivo teve mais de 66% de crescimento nas migrações ascendentes, entre planos de menor para maior valor, no segmento móvel. Na banda larga, esse aumento foi de 33%”, declarou o diretor da Vivo em Minas Gerais, Renato Gomes.
Renegociação
A estratégia adotada por uma empresária juiz-forana para economizar com os serviços de informação e comunicação foi buscar a renegociação de planos. “A internet se tornou essencial, pois é o meu principal canal de informação. Não tem como viver sem, mas a TV por assinatura eu quase não assisto”, relata a empresária, que preferiu não se identificar. Diante disso, ela decidiu mudar o plano que havia assinado, que garantia TV paga, telefone fixo e internet, para outro mais barato, em que fosse possível aumentar a velocidade da banda larga e abrir mão dos canais por assinatura.
“Pesquisei sobre os preços destes serviços separadamente, procurei a empresa e argumentei sobre as mudanças que queria fazer. Eu pagava um plano de R$ 260, sendo que, deste valor, R$ 125 eram referentes à TV, que eu não assistia.” A empresa ofereceu a oportunidade de a consumidora pagar mais barato garantindo uma maior velocidade de internet e mantendo os canais por assinatura.
Na avaliação de Fábio Bentes, o consumidor deve fazer uso da possibilidade de renegociação. “O grande poder do consumidor consiste nas oportunidades de substituição que ele pode fazer, seja por meio da pesquisa de preços entre concorrentes de um setor ou da conversa direta com o fornecedor, que pode garantir melhores condições para prestação e pagamento de um serviço neste momento de crise.”