Violência latente


Por Tribuna

04/01/2017 às 07h00- Atualizada 04/01/2017 às 08h23

Marcelo Frank do Nascimento<

Colaborador

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“O Brasil é um país violento. As estatísticas oficiais demonstram que aproximadamente 60 mil pessoas morrem por homicídio

a cada ano”

Um fato chama a atenção das pessoas após as festas natalinas: o brutal assassinato de um homem em uma estação do metrô paulista, na região central de São Paulo, na noite de Natal. Ele foi espancado até desfalecer por dois jovens agressores, uma vez que ele havia defendido homossexuais (moradores de rua) que estavam sendo perseguidos pelos tais agressores. A vítima era um conhecido ambulante com 54 anos de idade, que trabalhava no local há 20 anos. Era um vendedor de doces conhecido pelo apelido de Índio.

Os jovens agressores (e assassinos) já foram identificados pela polícia; são primos com idades de 21 e 26 anos. As cenas das câmeras de segurança da estação registraram a imagem dos jovens quando executaram o massacre da vítima com socos e chutes. Durante o ato desumano e covarde, nenhum segurança do metrô agiu para ajudar o ambulante, e também se omitiram as outras pessoas presentes no local. Depois que os algozes do ambulante se afastaram, a equipe de segurança se aproximou da vítima e fez o encaminhamento do ferido ao pronto-socorro mais próximo, mas ele não resistiu aos ferimentos e faleceu.

A Polícia Civil agiu rapidamente e já prendeu os agressores. Até uma recompensa máxima foi oferecida a quem revelasse informações sobre os assassinos. Já há um advogado contratado para a defesa dos acusados. A defesa já construiu um argumento de legítima defesa dos cruéis agressores, mas ficarão presos e serão condenados pela justiça. Eles passarão anos em algum presídio sofrendo e praticando violência. É a dura realidade do nosso sistema prisional.

Esta minha narrativa inicial é para situar o atento leitor acerca de um fato recorrente: o crescimento das ocorrências envolvendo jovens violentos, com vontade de matar. A Tribuna de Minas relata quase diariamente ocorrências semelhantes em nossa cidade e já relatou em vários editoriais a preocupação com a gravidade do momento que vivemos em Juiz de Fora. Parece que há um desejo inconsciente de determinados jovens pela violência. E, quando eles estão em grupo, fazendo uso de álcool ou drogas (ou ambos), a violência inconsciente extravasa. Fica aqui um registro preocupante: nem o espírito de Natal foi capaz de abrandar o ódio latente destes jovens violentos de São Paulo.

O Brasil é um país violento. As estatísticas oficiais demonstram que aproximadamente 60 mil pessoas morrem por homicídio a cada ano. Na maioria dos casos, são por motivos fúteis, como este do ambulante. A imprensa registra cotidianamente os casos de violência com jovens em ambientes diversos: torcidas de futebol; grupos rivais em bairros; festas populares, etc. Na maioria dos casos de assassinatos, quem mata e quem morre tinham alguma relação de proximidade. Arrisco um diagnóstico parcial sobre o fenômeno da violência juvenil, focando no real estímulo à cultura da violência em detrimento da cultura de paz, em todas as redes de comunicação disponíveis. Então, o que fazer?

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