2016, o ano em que o cinema fez Chimichangas

Por JÚLIO bLACK

Oi, gente.

O ano de 2016 está maduro, quase podre, então podemos fazer aquela análise esperta, pertinente e obrigatória de um dos temas mais caros ao fã da cultura pop: os filmes de super-heróis. Foram nada menos que seis este ano, e o resultado entre joinhas e vacilos é um empate de três a três. Dois dos gols contra ficaram por conta da Warner/DC, com a Fox patinando no um a um e a Marvel anotando o dois a zero jogando o seu feijão com arroz de sempre.

Com o jogo jogado, vamos à análise do que deu certo e do que decepcionou os fanboys durante a temporada, além de uma rápida resenha do que vai rolar em 2017.

Os melhores do ano (incluindo o azarão campeão):
Muita gente odeia a Fox pelo que o estúdio fez e ainda faz com os X-Men e o Quarteto Fantástico, mas a real é que a Raposa do Século XX entregou o filme de super-herói mais divertido, inconsequente, hilário e fora da curva de 2016: “Deadpool”. O longa com o Mercenário Tagarela é capaz de provocar urticárias entre fanboys que consideram o anti-herói uma palhaçada de péssimo gosto, mas as piadas infames, politicamente incorretas, a violência sagaz e a entrega de Ryan Reynolds ao papel fizeram com que “Deadpool” fosse a coisa mais legal do ano no gênero.

Logo depois podemos listar “Capitão América: Guerra Civil”, que pode entrar fácil no Top 3 da Marvel no cinema. Se não tem o mesmo “putz!” que faz de “O Soldado Invernal” o melhor longa da Casa das Ideias na tela grande, mostra as consequências da história mostrada em “Vingadores: Era de Ultron”, sem contar a introdução do Pantera Negra e do Homem-Aranha. Ponto negativo? Transformar o Barão Zemo em mais um dos vilões genéricos mostrados pela Marvel nos filmes.

E o pódio de 2016 é completado por “Doutor Estranho”. Para quem considerava complicado introduzir o universo místico da Marvel no cinema, o longa de Scott Derrickson é uma produção de visual exuberante, boa fidelidade à HQ de Steve Ditko e Stan Lee e com um Benedict Cumberbatch perfeito na pele e capa de levitação do Mago Supremo, além de um elenco de apoio que incluía Tilda Swinton, Mads Mikkelsen e Chiwetel Ejiofor. Se há defeitos visíveis, estes ficam por conta de algumas piadinhas fora de lugar e do indefectível vilão genérico.

Quem decepcionou?
Vamos começar pela medalha de bronze paraguaia. “X-Men: Apocalipse” é o novo integrante da lista de besteiras perpetradas pela Fox, que parecia ter tomado jeito com “X-Men: Primeira Classe” e “Wolverine: Imortal”, mas aí voltou a titubear com “Dias de um futuro esquecido” – “Quarteto Fantástico” é o “bônus da ruindade”.

E quais os problemas de “Apocalipse”? Primeiro que o vilão do filme, que já é um troço meio mala nas HQs, não mete medo em ninguém no longa. O cara fica milhares de anos preso, e quando volta dá um jeito de tomar uma surra de uma cambada de fedelhos. Outro problema é Jennifer Lawrence: não pelo desempenho da atriz, mas sim pela sua popularidade, que deu uma importância nos cinemas que a Mística nunca teve nos quadrinhos (Raven Darkholme líder dos X-Men? Sério?). Sophie Turner, a sonsa Samsa Stark de “Game of Thrones” e que aqui interpreta Jean Grey, não serve para lamber o chão onde Famke Janssen pisa. E Bryan Singer também virou um estorvo, porque está mais do que claro que ele gosta tanto do Magneto que é capaz de colocar até o Professor Xavier de lado.

O segundo posto vai para o mais aguardado filme do ano no gênero, “Batman vs. Superman”. Exceção feita à batalha entre os heróis, inspiradas na HQ “O Cavaleiro das Trevas”, Zack Snyder entregou um filme retalhado demais, com personagens e tramas demais, e que desperdiça um vilão como Apocalypse e a Mulher-Maravilha. Sem contar o inacreditável desfecho da batalha entre o Super e o Batman com o já famoso (e algo infame) “Martha”. A tentativa da Warner/DC de adiantar o barco para formar a Liga da Justiça poderia ser bem melhor se dirigida por um sujeito mais habilidoso.

E o título de Decepção do Ano vai para… “Esquadrão Suicida”, claro. Gente, que coisa mais triste foi aquilo. Tantos meses aguardando ansiosamente pelo filme, com todos aqueles trailers maneiros, uma Arlequina louraça belzebu, Jared Leto prometendo um Coringa insano, e aí a gente vai ao cinema e encara aquela maçaroca, com uma história pessimamente contada e uma penca de personagens por quem não sentimos empatia alguma. A Arlequina ainda se salva, apesar de algumas piadas forçadas, e a trilha sonora é Ok, mas o resto é totalmente esquecível ou lamentável. Até o esperado Coringa virou uma espécie de gangsta extravagante e tatuado, que grita a todo o momento “veja como sou maluco!”, mas que não assusta ninguém. Como o longa rendeu bastante dinheiro, uma segunda parte já foi confirmada, então é esperar que acertem o tom desta vez.

O que esperar de 2017?
Boa pergunta, ah migo leitor e ah miga leitora. Teremos mais seis longas no próximo ano, e as expectativas continuam grandes. A Liga da Justiça vai se reunir, enfim, em novembro de 2017, sob o temerário comando de Zack Snyder. Muito se fala e pouco se sabe sobre a produção, mas a verdade é que ficamos com um pé atrás. Outro longa que também chegará sob o domínio do medo é “Thor: Ragnarok”, que terá a participação do Hulk. A direção é de Taika Waititi, da amada série “Flight of The Conchords”, então pode ser que ele seja melhor que os dois filmes anteriores com o Deus do Trovão.

Três longas já tiveram trailers divulgados, e prometem: “Mulher Maravilha” parece que acertou em apostar numa história passada durante a Primeira Guerra Mundial, enquanto “Guardiões da Galáxia 2” tem tudo para manter o nível do improvável sucesso de 2014, e “Logan”… Bem, qualquer filme que tem “Hurt” cantada por Johnny Cash no trailer já conquista nossos corações.

E ainda teremos “Homem-Aranha: De volta ao lar”, o primeiro longa do Amigão da Vizinhança após o acordo entre a Marvel e a Sony, que já enlouqueceu meio mundo após participar de “Capitão América: Guerra Civil” e provocou outra onda de frenesi com o teaser divulgado recentemente.

Já deu para o ano, certo? Vamos ali na padaria comprar rabanadas vencidas e voltaremos em 2017. Não vai demorar.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

A Tribuna de Minas não se responsabiliza por este conteúdo e pelas informações sobre os produtos/serviços promovidos nesta publicação.

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também