Outras ideias com Suely Caldas Schubert
A fé no dia seguinte, perceba, faz do amanhã um dia muito mais instigante para ser vivido. A confiança de estar sujeito ao melhor, perceba, faz do acordar uma ação, por si só, renovadora. Aos 77 anos, Suely Caldas Schubert não tem dúvidas de que o motor da vida é a esperança. A certeza lhe chegou pela doutrina espírita, da qual é seguidora e propagadora, já tendo lançado 15 livros de grandes tiragens – o primeiro já possui mais de 30 edições. “O espiritismo nos mostra os porquês das coisas, nos explica as tragédias coletivas e individuais, cuja base está na reencarnação. Deus é a justiça perfeita, é amor e não castiga os filhos que ele próprio criou. Aqueles que se desviam do caminho, um dia, através de outras existências, vão voltar para o trajeto correto. Ninguém fica no inferno eterno”, explica a médium.
Para o ano que começa, para as histórias que se iniciam, uma fagulha de luz: “Estamos vivendo um momento que, aparentemente, é de caos, uma crise mundial, mas há a esperança de que uma nova era esteja se aproximando. Para Emmanuel, o guia de Chico Xavier, é a crise que define um novo rumo. Esse é um momento de transição, previsto desde os tempos imemoriais. A própria profecia maia, interpretada erroneamente, fala de uma mudança, na qual o planeta terá o bem como preponderante”, diz. “Espíritos superiores estão reencarnando para ajudar o planeta a melhorar, não só na ciência, mas nas artes e na religião, para que entendamos que precisamos nos irmanar, amar o próximo”, comenta, certa de que “estamos na fronteira de uma vida melhor”.
José e Zélia
Na Carangola de 1938 nasceu Suely, a filha de José e Zélia Caldas. Após morar por dois anos numa Uberaba que ainda não conhecia Chico Xavier, e convidado a inaugurar o extinto Banco Mineiro da Produção, o patriarca da família seguiu, com as três filhas, para Juiz de Fora, onde logo encontrou um centro espírita para frequentar. “Nasci espírita. Meus pais eram espíritas, meus avós também. Assim que cresci, passei a frequentar a doutrina. Na adolescência, já dava aulas para crianças e, mais tarde, comecei a fazer palestras”, conta Suely, para quem a mediunidade chegou aos 16 anos. “Tive os primeiros indícios e nunca mais parei. Foi tranquilo. Não tive desmaios ou passei mal. Aos 9, tornei-me leitora compulsiva e acabei me preparando. Não tive sofrimentos, mas muitas alegrias”, diz, numa aparente calma e firmeza, daquelas próprias das pessoas mais seguras. “Meu mentor é um médico da região, um dos fundadores da Faculdade de Farmácia em Juiz de Fora. Ele se chama Antônio Luiz de Almada Horta. Ele já era desencarnado há anos quando comecei a pressentir a presença dele. Uma das três irmãs do meu pai o recebia como mentor, e, quando ela se mudou para o Rio de Janeiro, parando de trabalhar com o espiritismo, ele se aproximou e me falou que passaria a trabalhar comigo”, recorda-se ela, que já deu receituários até decidir-se focar na literatura.
Ângelis
Aos 15, Suely começou a trabalhar no Centro Espírita Ivon Costa. “Fiquei lá por 36 anos, até que resolvi sair para ajudar a fundar a casa espírita que hoje frequento e completa 30 anos em 2016, a Sociedade Espírita Joanna de Ângelis. Minhas raízes continuam no Ivon Costa, não saí por dissidência, mas por querer aumentar o trabalho”, conta a técnica em contabilidade que sempre se dedicou às tarefas do lar. Na antiga casa religiosa, Suely um de seus mais intensos contatos. “Em 1958, ouvi falar que havia um orador baiano muito bom. Resolvi convidá-lo para uma palestra no Ivon Costa. A partir daí, ele passou a ser nosso hóspede em Juiz de Fora, e eu todo ano vou à Mansão do Caminho”, lembra, referindo-se ao médium Divaldo Franco e seu lar assistencial. Da mentora de Divaldo, surgiu o nome para a casa que fundou e também o convite para o novo livro, lançado em outubro. “Joanna de Ângelis, através do Divaldo, me convidou para escrever ‘Segue em harmonia’ em parceria com ela. Ela escreveu as mensagens, e eu redigi os comentários.”
Jesus Cristo
A esperança que se esconde em palavras de incentivo, em mensagens de positividade, também está, segundo Suely, na certeza de uma ciência que não se basta em friezas, mas nas experiências da fé. “Estudo assuntos ligados ao cérebro, à psiquiatria, embora não tenha formação nesse campo. Sempre escrevi, lancei dois livros de poesia, e em 1981 escrevi minha primeira obra espírita, que é técnica, sobre mediunidade”, conta, para logo acrescentar: “Para livros assim, faço pesquisas em cerca de 70 obras. Mas também faço trabalhos ligados ao evangelho do Cristo.” O que é o espiritismo?, pergunto à médium, escritora e palestrante que dedica grande parte das horas de sua vida à doutrina e, em 2015, chegou a passar mais de 120 dias fora de casa. “O espiritismo é ciência, filosofia e religião, não tem rituais, e acreditamos que existem outros planetas habitados”, responde. E o espiritismo na sua vida? “Uma abertura mental, me mostra perspectivas que em outros lugares nunca encontrei”. E o que deseja encontrar nos dias que chegam? “A vida mais leve, com mais amor e solidariedade.”