Igreja na sociedade
“Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade” é o título do último documento do Episcopado Brasileiro. O tema, discutido na Assembleia Geral dos Bispos em Aparecida no mês de maio, deu origem ao Documento nº 105, publicado em 14 de abril, que se encontra agora nas livrarias à disposição de quem deseja conhecer o pensamento dos bispos sobre esse tema importante, sobretudo hoje, na atual situação pela qual passa o Brasil.
O documento tem suas raízes na doutrina do Concílio Vaticano II. “A vocação própria dos leigos é administrar e ordenar as coisas temporais, em busca do Reino de Deus. Vivem, pois, no mundo, isto é, em todas as profissões e os trabalhos, nas condições comuns da vida familiar e social, que constituem a trama da existência” (Lumem Gentium n,31).
O documento está em consonância com o que ensina a respeito dos leigos o Documento Aparecida: “Os leigos também são chamados a participar na ação pastoral da Igreja” (DAp, n 211). Esse faz várias referências aos escritos do Papa Francisco, como por exemplo: “A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. A seu serviço está a minoria: os ministros ordenados. Cresceu a consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja. Embora não suficiente, pode-se contar com um imenso laicato, dotado de um arreigado sentido de comunidade e uma grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebração e da fé” (Evangeli Gaudium n, 1).
Com a metodologia tradicional Ver-Julgar-Agir, o documento se divide em três capítulos. O primeiro, “O cristão leigo, sujeito na Igreja e no mundo: esperanças e angústias”, apresenta o histórico da caminhada da vida do cristão leigo, com avanços e recuos, desenhando de modo sucinto os rostos do laicato brasileiro. Mostra uma visão panorâmica do mundo global em que vivemos. Por fim, desenvolve alguns discernimentos necessários para analisar este mundo, perceber algumas tentações que ele nos apresenta, propondo necessária mudança de mentalidade e de estruturas.
O segundo, “Sujeito eclesial: discípulos missionários e cidadãos do mundo”, trata da eclesiologia conciliar da comunhão na diversidade, como base da compreensão da identidade e da dignidade laical como sujeito eclesial e identifica os espaços eclesiais da atuação dos leigos como sujeitos, considerando a diversidade de carismas, serviços e ministérios na Igreja.
O terceiro, “A ação transformadora na Igreja e no mundo”, trata da dimensão missionária da Igreja, desenvolve aspectos da espiritualidade encarnada e fala da organização do laicato no Brasil e da formação dos leigos. Em seguida, aponta lugares específicos da ação dos cristãos leigos e leigas no mundo de hoje e conclui enunciando indicativos, encaminhamentos e compromissos para a caminhada do laicato no Brasil.
Cristãos leigos e leigas, com esse Documento n° 105 da CNBB, temos em mão um subsídio precioso não só para estudá-lo a fim de atualizar nossos conhecimentos mas, sobretudo, para pôr em prática os seus ensinamentos e renovar o nosso ardor missionário.