Para que novela?


Por Arthur Raposo Gomes, Publicitário e estudante de Jornalismo

30/05/2019 às 06h58

O Bem-Amado. Essa foi a primeira telenovela brasileira transmitida no exterior – e, também, a primeira a ter cores no Brasil. Foi ali que um reconhecido mercado de exportação teve início: as novelas brasileiras são mandadas para inúmeros países.

É histórico o gosto pelas novelas – seja a que é exibida no final da tarde e que se passa em um colégio, aquela outra que é de época ou tem um teor mais romântico e mesmo aquela que é passada depois do telejornal, cuja trama é baseada no enigma “quem é o assassino misterioso?”. E como esquecer das novelas bíblicas? E das infantis? Os temas são diversos, justamente, para abranger as diversas faixas etárias dos espectadores, que, ávidos por entretenimento depois de um dia cansativo, se encantam com as narrativas das novelas e seus enredos.

No entanto, se há alguns anos as produções audiovisuais brasileiras alcançavam recordes de audiência nas suas emissoras, nos últimos tempos, esses números vêm caindo de maneira expressiva.

Existe quem advoga que o público deixou de consumir as telenovelas pois está preferindo os serviços de série por streaming. Faz sentido. Na tela do celular, do computador (ou mesmo da televisão conectada à internet), é possível assistir a uma vasta quantidade de produções, nacionais e internacionais. Realmente, parece ser uma justificativa plausível.

Particularmente, acredito que a queda de audiência também possa ter relação com os próprios acontecimentos do cenário político nacional – que se mostram cada vez mais surpreendentes e são transmitidos todos os dias pelos jornais.

Nos primeiros dias de 2019, o uso de uma caneta encontrada facilmente em papelarias, a nomeação dos “superministros” e o discurso em libras da primeira-dama foram assuntos nas redes sociais. Depois vieram mais: as consecutivas mudanças de opinião em pautas políticas, a ministra que disse “menino veste azul e menina veste rosa!”, a intensa utilização das redes sociais e ataques a veículos da imprensa, a figura presidencial declarando – em menos de cem dias de mandato – “não nasci para ser presidente”, os escândalos e a queda de integrantes do alto escalão do Governo… Enfim, as polêmicas já foram muitas.

Quem, em seus maiores devaneios, já pensou que um presidente iria publicar, em sua rede social, um vídeo cujo teor difama um dos principais eventos de seu próprio país? E a detenção do mais recente ex-presidente do Brasil? Pois é… mais recentemente, até acompanhamos um membro da prole presidencial atacando, em público, o vice-presidente do pai. É uma trama impressionante.

Considero que os autores e roteiristas de novelas, séries e filmes podem utilizar os últimos acontecimentos políticos do Brasil como referência para suas obras. É garantia de repercussão!

Vamos aguardar o desenrolar dos próximos capítulos…

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