Prescrição: Jardim Botânico
“Meia hora de caminhada por dia, três vezes por semana, após quatro meses, produz a mesma quantidade de serotonina (substância produzida pelo cérebro) do que alguns antidepressivos”
“Essa vitamina que eu comprei pela internet vai ser boa para a minha memória, doutor?” “Tem um remédio para desânimo?” “Tenho dor de cabeça quase todos os dias, já fiz até tomografia, e não deu nada… O que eu posso tomar?”
Ouço essas queixas todos os dias desde que me formei em Medicina, há quase 20 anos, mas, ultimamente, elas têm sido mais frequentes. O que elas têm em comum?
Podem ser um somatório de estresse, frustração, tristeza, insatisfação profissional, infelicidade no casamento, sedentarismo, excesso de álcool, insônia, alimentos pobres em fibras e falta de uma boa companhia… são um retrato da vida urbana!
Motivado pelo Setembro Amarelo, pelo Dia Internacional da Demência de Alzheimer (21 de setembro) e pelo Dia Internacional da Pessoa Idosa (1º de outubro), trago pretensiosamente a minha contribuição.
Meia hora de caminhada por dia, três vezes por semana, após quatro meses, produz a mesma quantidade de serotonina (substância produzida pelo cérebro) do que alguns antidepressivos.
Cento e cinquenta minutos de caminhada por semana são suficientes para o indivíduo deixar de ser sedentário, deixando de lado, portanto, um dos principais fatores de risco para a demência de Alzheimer. Essa mesma caminhada previne hipertensão, diabetes, obesidade e problemas com o colesterol, que são também importantes fatores de risco para demência (entre outras doenças).
Um estudo publicado em 2018, em parceria com a Universidade da Virgínia, mostra que até mesmo rápidas interações com a natureza podem trazer alívio dos sintomas de depressão e ansiedade. As cores e os sons da natureza trazem um “descanso para o cérebro”, ao contrário de buzinas, faróis de carro e vendedores nas ruas…
A presença da natureza na vida das pessoas tem que ser entendida como uma questão de saúde pública. Tivemos recentemente em Juiz de Fora a aquisição do Jardim Botânico. Temos ainda os belíssimos Parque da Lajinha e o parque do Museu Mariano Procópio. Mas precisamos de muito mais. Revitalizar a margem do nosso Paraibuna, criar espaços verdes em praças de concreto e, principalmente, preservar o que ainda temos (valorizar).
Pronto, está aí a combinação perfeita! Caminhada feita em contato com a natureza. E aproveito para prestar uma homenagem ao Jardim Botânico de Juiz de Fora e aos idealizadores desse feito. Um presente da UFJF à nossa população.
Em tempo: tenho um “amigo” que, desde que começou a caminhar lá, não teve mais dor de cabeça.