Os segredos da liderança
Indagar se os líderes nascem prontos ou aprendem a sê-lo tem sido uma questão frequentemente debatida nos domínios sobre liderança. O histórico da pesquisa dos traços de liderança revela que estudos de diversas características comparando líderes a não líderes, bem como líderes eficientes a não eficientes, permitiu identificar um conjunto de traços presumidos capazes de garantir uma boa liderança. São eles: inteligência, responsabilidade, conhecimento do modo de realizar atividades, persistência em lidar com problemas, confidência e vontade de ter poder e controle, entre outros. Importa considerar, também, a sugestão, efetuada em diversos estudos, de que não há um conjunto básico que determine uma liderança eficiente, pois os traços individuais tendem a ser mais ou menos importantes para a liderança dependendo da situação, além de nenhum conjunto de traços poder ser associado com a liderança eficiente em todas as situações.
Porém, recentemente, pesquisadores do Centro de Liderança Criativa, nos Estados Unidos, compararam líderes bem-sucedidos com líderes que tinham fracassado, não encontrando, nestes, traços individuais ou combinados que garantissem sucesso ou fracasso. Mas destes resultados emergiram aspectos muito interessantes. Ambos apresentavam em comum os seguintes traços: eram ambiciosos, tecnicamente habilitados e com um progresso rápido em seus ambientes de trabalho. Por outro lado, os pesquisadores concluíram, também, que certos traços pareciam especialmente relevantes para predizer se um líder teria sucesso ou fracassaria. A saber, a) estabilidade emocional; b) não estarem na defensiva; c) integridade; d) habilidades interpessoais; e e) habilidades técnicas e cognitivas.
Por estabilidade emocional, verificou-se que os líderes que fracassaram foram mais prováveis de serem estressados e menos hábeis em lidar com trabalho sob pressão. Por não estarem na defensiva, e sentindo-se acuados em momentos decisórios, tiveram a coragem tolhida, diminuindo uma boa atuação na ocasião. Em relação à integridade, esses mesmos líderes apresentaram perfil mais competitivo visando progressão na carreira às expensas de outros. Em relação às habilidades pessoais, foram mais fracos nas habilidades interpessoais que os bem-sucedidos. Finalmente, em relação às habilidades técnicas e cognitivas, demonstraram elevados níveis de habilidades técnicas, que os conduzia a um perfil arrogante e superconfidente.
Atualmente, pesquisas baseadas em teorias dos traços de liderança têm agrupado traços em quatro grandes categorias: (primeira) traços cognitivos, tais como sabedoria ou inteligência, características da habilidade de uma pessoa para pensar ou estilo de pensamento; (segunda) traços de personalidade, tais como extroversão, conscienciosidade e estabilidade emocional, características relativamente estáveis, que influenciam a maneira como uma pessoa atua em certas situações; (terceira) traços interpessoais, tais como integridade e percepção social, características que descrevem a maneira pela qual uma pessoa trata e interage com outras pessoas; e (quarta) necessidades ou motivos de uma pessoa, tais como necessidade de realização e poder, os quais motivam-na a agir de maneira particular. Necessidades e motivos estes que influenciam no que elas prestam atenção, ajudando-as a guiarem seus comportamentos.
Certamente, as organizações, como tem sido usual, valem-se de algum tipo de traço para desenvolver o processo de contratação de funcionários. Mas, podemos, por certo, desenvolver muitos destes traços para nos tornarmos líderes eficientes.
Este espaço é livre para a circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail ([email protected]) e devem ter, no máximo, 40 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.