Mineiro não é minério!
As palavras, de fato, se parecem. Mas, de fato mesmo, significam sentidos existenciais totalmente diferentes. Pois, enquanto “nossas” mineradoras solapam as profundas terras mineiras, na procura do minério, agora tão vil quanto o ouro, centenas de vagões se locupletam dele, para destinos internacionais, enquanto nossos pobres cidadãos perdem o mais econômico meio de transporte, e também o mais barato.
Eu mesmo, quando estudante e adolescente, só fazia minhas viagens ao Rio de Janeiro, a Belo Horizonte e a São Paulo de trem, pois, àquela época, felizmente, não havia essas perigosas estradas de rodagem – estradas de assassinatos e suicídios, pelas tragédias que se sucedem naquilo que chamamos de trânsito de veículos, de fato, trânsito da morte!
E o que o mineiro, cidadão consciente e patriota – lembrem-se de Tiradentes -, tem com essa volúpia do lucro a qualquer custo, pagando caro desde quando as mineradoras se instalam, desprezando os mineiros pelos minérios, até tragédias como as de Mariana e de Brumadinho, quando, de fato, já eram – pelo risco enorme aos cidadãos – criminosas mesmo. Tragédias anunciadas!
E põe a palavra crime em tudo isso, em que crime rima com lucro, ambição e corrupção, pois, mais do que qualquer corrupto, é aquele que vê no lucro algo superior ao conforto, à segurança e ao direito de viver de pobres seres, sejam humanos, sejam animais.
Nenhum progresso é desculpa para algo que traga risco aos desavisados cidadãos de qualquer parte. Pois o verdadeiro conceito de cidadania não tem pátria. Rima, ao contrário do lucro material, com aquilo que seria o verdadeiro lucro da humanidade e da própria condição vital: educação humanitária, segurança máxima para existir em paz e amor, tudo isso naquela abrangência essencial e, por que não, divina, do conceito eterno do viver e deixar viver!
Vamos e venhamos. A hora é agora! Nenhum progresso justifica nenhuma tragédia, e é preciso que os culpados passem também a pagar pelos crimes que cometem contra a humanidade, pois nenhum progresso justifica qualquer descaso contra a vida e contra a sobrevivência de nenhum ser vivo, seja humano, seja animal ou até mesmo vegetal.
Enfim… Viver e deixar viver!
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