Coronavírus e desigualdade social


Por Emiliana Alves, Graduada em Geografia e especializada em Jornalismo Digital e em Educação Ambiental

26/04/2020 às 06h33

Desigualdade social é a diferença econômica entre determinados grupos de pessoas dentro de uma mesma sociedade, ou seja, é a distância que separa as classes sociais mais ricas das mais pobres. Trata-se de um conceito sociológico e econômico e um problema enfrentado em larga escala no Brasil e no mundo.

Diante das consequências da desigualdade em um país, causada sobretudo por má distribuição de renda, por falta de investimento nas áreas sociais, culturais, saúde e educação, por corrupção – dentre outros -, não há como desconsiderar as pessoas em situação de rua. Segundo pesquisa Data Folha, a percepção do aumento dessas pessoas é de 43% em janeiro deste ano, especialmente nas capitais.

Com toda a propagação do coronavírus, e levando em conta todas as medidas protetivas adotadas, não é de se admirar que essas pessoas tenham passado do status quo da invisibilidade. O que se admira, entretanto, é que, para que isso acontecesse, foi preciso uma pandemia mundial que colocasse em risco também a vida de pessoas que nunca estiveram no lado B da situação econômica e social dessa nação. Muito antes da Covid-19, muito antes de atos de higiene estarem presentes nas mais diversas mídias, estas pessoas já morriam vítimas do sistema, da violência – que tem aí uma raiz profunda – e do descaso de sociedades que se dividem desde o século XVII, quando consideravam que o rei tinha o direito divino de governar, implicando aceitar também como divina a aristocracia que mantinha seus luxos, graças aos impostos pagos pelos pobres.

Como um país em que o índice de Gini aponta um aumento progressivo na desigualdade social, tendo essa como principal indicador de baixa no IDH, escolarização, acesso a cultura e a serviços básicos como saúde, segurança e – pasmem – saneamento, não sofreria com as possibilidades de contaminação e de perdas que inevitavelmente variam conforme a realidade de cada local? Se um país não consegue atender às necessidades básicas de grande parte de seus cidadãos, tampouco irá prosperar de forma equitativa. Sobretudo diante de um vírus invisível, letal e que não faz a mínima distinção entre rico ou pobre.

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