A necessidade das reformas


Por Paulo César de Oliveira, jornalista e diretor-geral da revista "Viver Brasil" e do jornal "Tudo BH"

26/02/2019 às 06h51

Está certo. Se não fizermos a reforma da Previdência, vamos acabar quebrados. Aliás, quebrados já estamos, só não fechamos as portas. Que esta reforma, que o Governo não gosta de chamar assim para não despertar iras e consciências, é necessária ninguém duvida. Só os que vivem no mundo da Lua – ou no mundo do Lula, como queiram – acreditam que ela é dispensável e que está sendo promovida apenas para prejudicar os mais pobres, sem olhar a realidade de outros países que já trilharam os nossos caminhos e faliram.

Necessário mudar é, mas será que exatamente como está propondo o Governo? Não digo que a proposta do Governo é ruim, ou que esteja direcionada para certos setores. Ela pode ser a ideal. Mas também pode não ser a ideal ou até mesmo a necessária.

Há grupos suspeitos, e até insuspeitos, que defendem e criticam o projeto encaminhado ao Legislativo. O que penso é que o assunto é de tal ordem complexo, envolve tantos interesses, que não pode ser votado sob pressão e a toque de caixa. Por mais que o país precise de ajustar suas contas e demonstrar aos investidores firmeza e seriedade de propósitos, não pode decidir as mudanças na velocidade que o Governo está exigindo, numa quase chantagem com o Congresso.

E a credibilidade para impor celeridade ao processo ele perde à medida que demora a encaminhar o projeto com a reforma da previdência dos militares. Por qual razão ainda não encaminhou, ou decidiu ter mais cuidado na formulação da proposta? Cuidados especiais com o quê? Medo de reações?

O vacilo corporativista, queiram ou não, acabou gerando dificuldades políticas que, com certeza, vão atrasar ainda mais as votações. Isso sem contar com a pressão de setores que serão mais atingidos exatamente por serem hoje os mais privilegiados. Nesta briga, não tenham dúvidas, quem ficará com o menor poder de pressão serão exatamente os trabalhadores da iniciativa privada. A irresponsável partidarização das entidades representativas dos trabalhadores na era petista enfraqueceu estas entidades que hoje não têm credibilidade nem liderança para comandar qualquer reação. Quem não é trabalhador da área pública, não se iludam, terá que engolir a reforma como ela vier. Boa ou ruim. Qualquer protesto, qualquer reação será facilmente reprimido como “coisa do PT”.

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