Uma feminista partiu


Por ANGELA HALFELD CLARK, COLABORADORA

23/06/2016 às 07h00- Atualizada 23/06/2016 às 08h53

Marina Ladeira Halfeld Santos foi uma mulher vanguardista, que rompeu as amarras do destino da mulher boneca e objeto. Foi a primeira médica formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Foi professora, mãe, esposa, farmacêutica e médica. Lecionou na Universidade Federal de Juiz de Fora.

Perspicaz e, ao mesmo tempo, tranquila, Marina desempenhou um papel inusitado para uma mulher mineira e interiorana da época. Exímia mãe, com muito amor e dedicação, educou seus quatro filhos, acumulando suas múltiplas funções. Sobressaiu na sociedade e teve que dividir seu tempo de uma maneira racional, mais do que as outras mulheres.

Mulher intelectualizada neste tempo era raro e, para as outras, mais fúteis, era motivo de comentários.

Marina foi irmã de Elza Halfeld Clark, minha mãe, que foi a primeira médica a clinicar em Juiz de Fora, introduzindo o preventivo ginecológico nesta cidade. Ambas eram muito dedicadas às suas incumbências. Não é rasgação de seda, mas se abdicar de uma vida mais leve para o desenvolvimento do próximo e erguer uma nova mentalidade é obra de destaque.

Marina, com espírito humilde, trabalhou em prol de uma sociedade mais igualitária com seu exemplo. Não se deixou abater com as maledicências da época, devido ao preconceito. Sempre fiel aos princípios da moral e da ética, Marina abriu novos caminhos na jornada da mulher. Não se acomodou a ser o “apêndice do homem”, como era de praxe na época. Marina não tinha mais tempo para os salões de beleza, o crochê e o tricô. Tinha que organizar seu tempo para dar conta com esmero de todas as atividades importantes.

Dra. Marina Ladeira Halfeld Santos partiu para o outro plano no dia 15 de maio de 2016, deixando muita saudade e um exemplo imensurável de uma mulher com hombridade, respeito e sensibilidade.

Vai, tia, vai continuar seu trabalho, que continua com o respaldo divino!

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