Contra o mal comum
Uma epidemia de dengue, como a que estamos vivendo agora, traz, além da constante ameaça de morte e sofrimento sobre a população, a desconfiança, a insegurança e o medo. Desconfiamos do próximo, de nossos próprios vizinhos, que podem estar sendo geradores involuntários, por descuido ou desinformação, de focos do mosquito Aedes. Germinamos a insegurança, já que a contaminação pode ocorrer a qualquer momento, situação ou lugar.
Convivemos com o medo, diante da fragilidade de cada um de nós, ao depararmos com o risco que cerca nossa família e amigos. É uma triste realidade. Em menos de 30 dias, sete pessoas morreram em Juiz de Fora, vítimas da doença. Mas, muito mais do que números a comporem a estatística fria da progressão da epidemia, essas mortes representam a dor e o sofrimento de famílias e amigos que estão perdendo seus entes queridos. E esse é o dado mais contundente desse drama, porque, paralelo a ele, outras pessoas sofrem, agora, a dor da perspectiva de um agravamento do quadro de saúde de um filho, um irmão, um pai, uma mãe ou um parente contaminado pela doença.
Esse complexo quadro, no entanto, pode – e deve – ser mudado. Não existe decreto, lei ou portaria que possa reverter essa situação, mas existe o apelo à conscientização de cada um de nós, em busca de uma alternativa. Isso não é lugar comum, muito menos chavão: esta epidemia pode ser vencida com um simples gesto de cada cidadão ou cidadã de entender sua importância neste combate. Assim, não devemos ver nosso vizinho com a desconfiança do vilão. Pelo contrário: temos que buscar nele um aliado para a nossa luta. Esse gesto poderá ser multiplicado em toda a nossa rua, em todo o nosso bairro, em toda a nossa região. Nossa insegurança será superada a partir do momento em que a omissão for deixada de lado, e o gesto da luta superar a indecisão. Não devemos ter medo de assumir nosso papel de cidadão diante das dificuldades encontradas, até mesmo para obter apoio: a grandeza de nosso gesto será, com certeza, mais forte do que a insensatez dos outros.
Não há outro termo para caracterizar esse momento: estamos vivendo uma guerra. Uma guerra que venceremos, com certeza, porque nossa união, solidariedade e dedicação serão muito maiores do que qualquer ameaça. É o momento de deixarmos de lado as diferenças sociais, políticas, ideológicas, religiosas ou pessoais. Escolas, praças, igrejas, templos, hospitais públicos ou privados, quadras de esporte e de escolas de samba, salões de festas e de reuniões, auditórios, universidades, todo espaço deve ser ocupado pelo sentido de mobilização deste momento. Grandes e pequenas empresas, shoppings, lojas, escritórios, clubes de serviços e esportivos, associações de classes, sindicatos, meios de comunicação, de publicidade e representantes de todas as tendências sociais devem, também, fazer de suas atuações um exemplo de participação nesta luta. Professores devem ser portadores de orientações a seus alunos; padres e pastores devem usar suas homilias e pregações para mostrar ao seu povo a seriedade da situação e incentivar, com suas palavras e meditação, o caminho para a união e a ação contra a epidemia; líderes políticos, de bairros e de associações devem usar suas argumentações em defesa do bem comum.
Enfim, todos nós temos responsabilidade nesse momento. A Administração Municipal está completamente mobilizada no sentido de combater esse mal comum, representado pelo mosquito. Estamos fazendo tudo o que é possível e vamos fazer muito mais, até que este mal esteja debelado de nossa cidade. Todos os servidores públicos estão, de uma forma ou de outra, envolvidos nessa luta. Para isso foi criado o Comitê Municipal de Enfrentamento à Dengue; incrementado o Plano de Contingência para Combate às Doenças Transmitidas pelo Aedes; montada a “sala de operações” integrada; ampliado o auxílio do carro fumacê; dinamizados os mutirões de recolhimento do lixo, que pode acumular água; e concretizado o Centro de Hidratação na região central, além de outras ações de conscientização e prevenção. Agora, estamos buscando o apoio de todas as representações da sociedade, para que se unam a nós nesta “guerra”.
E quando, muito em breve, todo esse nosso esforço tiver o resultado que buscamos, poderemos olhar para trás e dizer, como na citação bíblica: “Combatemos o bom combate”.