Lutando pela vida
O artigo de hoje é para falar de amor, mas não daqueles pseudoamores que são fugazes e sempre escapam sorrateiramente. Refiro-me àquele sentimento capaz de produzir uma paz que excede todo entendimento ou, ainda, uma força inexplicável para seguir adiante; para ser gigante quando a dor vem. Algumas pessoas descobrem que, mesmo em meio ao caos, é possível ser forte e sorrir; olhar nos olhos do outro e simplesmente dizer: eu estou aqui! Eu te amo! Assim fizeram e fazem todos os dias, de diferentes formas, o assistente social e pastor Max Sabadin, 42 anos, e a dona de casa Patrícia Brum Sabadin, 39, pais do Gabriel Brum Sabadin, de 17, que luta desde os 4 contra a Distrofia Muscular de Duchenne.
Atualmente, o tratamento do garoto é feito à base de corticoides e fisioterapia. Buscando alternativas para melhorar a qualidade de vida do filho e retardar o avanço dessa doença incurável, a família criou, no início deste ano, a página Gabriel #anjoguerreiro, no Facebook. A iniciativa visa arrecadar dinheiro para custear um tratamento alternativo, por meio de injeções de células-tronco, na Tailândia. A família já recebeu uma carta de aceitação da Beike Biotechnology, empresa chinesa responsável pelo tratamento. A viagem foi marcada para 18 de julho, entretanto, dos R$ 140 mil necessários para custear as despesas com as injeções, estadia, alimentação e passagens, faltam R$ 35 mil.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, são mais de 30 tipos de distrofia, sendo que a de Duchenne é a forma mais frequente e grave e atinge um a cada 3.500 nascidos do sexo masculino, provocando degeneração progressiva dos tecidos musculares (primeiro, membros inferiores e, depois, superiores), respiratórios e, por fim, do coração. São 13 anos lutando com bravura pela vida, caro leitor! Em dezembro de 2003, dias antes do seu aniversário, o garoto ainda recebeu o diagnóstico de um câncer raro, o rabdomiossarcoma alveolar. Após o tratamento com radio e quimioterapia, o “anjo guerreiro”, como é intitulado pela família, venceu a batalha aos 8 anos de idade.
Desde o fim do ano passado, Gabriel faz uso de um respirador mecânico na hora de dormir. Em janeiro de 2014, com o avanço da doença, ele teve que começar a utilizar uma cadeira de rodas. “Sempre jogamos muito claro com nosso filho. Nunca escondemos a gravidade da situação. Ele jogava bola no colégio enquanto podia, agora, não pode mais. Num primeiro momento, ele ficou com muita vergonha quando foi para a cadeira e não queria sair de casa. Natural para a adolescência. Depois de um tempo, o Gabriel entendeu essa nova realidade e atualmente já não tem mais bloqueio”, conta o pai.
“Convivi” poucas horas com Gabriel – na verdade, foi o tempo da entrevista com toda a família -, mas foi o suficiente para saber que ele é um garoto contido, de sorriso tímido, que divide com a irmã Ana Clara, 14, as “brigas”, mas, sobretudo, as confidências. Mais do que irmãos, são amigos inseparáveis! O vascaíno, filho de um flamenguista, quer fazer faculdade de educação física e se tornar técnico de futebol. Mas, antes disso, o “anjo guerreiro” terá que sair de sua terra rumo à Tailândia. Nessa jornada, o amor embarcará junto, garantindo que a esperança sobreviva e que a vida continue bela, pois assim ele aprendeu a encará-la, afinal, para muito além dos pseudoamores, não há lugar para dores.
Saiba como fazer sua doação acessando a página Gabriel #anjoguerreiro, no Facebook.