O Dia Mundial da Água


Por Wilson Acácio, presidente do Comitê dos Afluentes Mineiros dos Rios Preto e Paraibuna

22/03/2019 às 06h55- Atualizada 22/03/2019 às 07h27

A água é o bem mais precioso da Terra, recurso natural essencial, seja como componente de seres vivos, seja como meio de vida para as espécies vegetais, animais e de todos os nossos biomas. Ela constitui-se como elemento representativo de valores socioculturais e como fator de bens de consumo e da produção agrícola.

No Brasil, são consumidos, em média, 246 metros cúbicos/habitante/ano, considerando todos os usos da água, inclusive para agricultura e indústria. De acordo com os especialistas, em todo o mundo, o setor agropecuário consome cerca de 70% da água captada, sendo 23% na indústria e 8% destinados ao consumo doméstico. Infelizmente, o capitalismo selvagem promove, em escala planetária, a cultura da produção e do consumo desenfreados, provocando sérios impactos negativos nos mananciais de abastecimento. Os recentes crimes ambientais praticados por empresas em Mariana, Brumadinho e Bacarena (PA) são uma prova cabal de tudo isso!

Além dos sérios problemas de poluição e de contaminação, a água é muito mal distribuída na superfície de nosso planeta. No Brasil, que possui a maior disponibilidade hídrica do mundo, com cerca de 13,8% do deflúvio médio mundial, essa situação não é diferente, visto que 68,5% dos recursos hídricos estão localizados na região Norte, na qual habitam cerca de 8% da população brasileira; 6% na região Sudeste, com quase 43% da população; e pouco mais de 3% na região Nordeste, onde vivem cerca de 30% de pessoas. Obviamente que este quadro provoca sérios impactos socioambientais em relação à água.

Outro sério problema refere-se ao esgoto gerado no Brasil, porque apenas 45% passam por tratamento. Isso quer dizer que os outros 55% são despejados diretamente em nossos cursos d’água, o que corresponde a 5,2 bilhões de metros cúbicos por ano ou quase seis mil piscinas olímpicas de esgoto por dia (Instituto Trata Brasil).

Em 2015, o Governo brasileiro assinou um tratado junto à Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável comprometendo-se que, até 2030, haverá a universalização de acesso à água potável e também “ao saneamento e higiene adequados e equitativos para todos os brasileiros”. Com a crise financeira que ora atravessamos, dificilmente esta meta será atingida.

Tristemente, Juiz de Fora fica muito abaixo da média nacional, porque, conforme dados da Cesama, atualmente, apenas 8% do nosso esgoto é tratado, provocando sérios problemas de poluição nos córregos que cortam a região urbana e no próprio Rio Paraibuna. O povo dá aos governantes o poder de administrar, regular, estabelecer preços, alocar a água e realizar o tratamento de esgoto na crença de que o bem comum será o maior beneficiário, mas o que se vê é uma total falta de consideração com os contribuintes e também com as nossas águas!

No Dia Mundial da Água, quero relembrar o que escrevi aqui na Tribuna de Minas, no último dia 20 de fevereiro, sobre a Represa de Chapéu D’Uvas, que, atualmente, passa por sérios problemas de degradação ambiental. O Comitê CBH Preto e Paraibuna, em seu exercício de cidadania, tem procurado mostrar para as autoridades, e também para os diversos segmentos da sociedade, a necessidade do envolvimento de todos para com esta questão, porque esta represa é um manancial estratégico para a nossa cidade. Juntos, temos que tomar imediatas iniciativas para a sua preservação, para que ele não sofra degradação, como tem acontecido com milhares de outros pelo Brasil afora!

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