O Brasil tem pressa
Pressa. É disto que precisamos agora. O país não pode continuar parado, à espera de uma decisão que, no íntimo de cada um, já está tomada. As discussões, os debates, servem apenas aos senhores parlamentares. Foi assim na Câmara, onde apenas nas falas de Miguel Reale, acusando, e José Eduardo Cardozo, defendendo, pode-se dizer que houve o contraditório. Dali para a frente, nos quase 300 discursos, nada que tenha acrescentado nada.
Ninguém se convenceu, ninguém firmou convicção com o que ouviu. Apenas cumpriu-se o ritual. Apenas abriu-se espaço para os minutos de fama dos deputados. Agora, basta, exige o Brasil. É preciso celeridade, sem tirar direitos, mas cortando excessos em nome de direitos. É preciso que se usem os regimentos naquilo que ele facilitar o andamento e, conscientemente, que se despreze onde eles abram espaços para protelações.
Formalismos protelatórios servirão apenas para agravar nossa situação econômica, que tem uma crise fundamentalmente de credibilidade. Mesmo um mau governo é melhor do que governo algum. E o país está inteiramente à deriva em mar revolto. Se entendem que Dilma tem condições de permanecer no cargo, apesar da total falta de credibilidade, que lhes assegurem o mandato, mesmo diante da acachapante derrota na Câmara.
Se, ao contrário, os ilustres senadores pensam como o povo, de que ela precisar sair, que façam seu impedimento e deem logo posse ao vice. Temer já tem prontos, e até já mostrou ao país, alguns alinhavos de um plano de governo. Temer tem tido rasgos de sinceridade, raros em nossos políticos, quando admite que será preciso haver sacrifícios de todos para que o país retome o caminho da modernidade e do crescimento.
A Temer não falta a capacidade de negociação, escassa na presidente Dilma, para articular um “ministério de salvação nacional”, com nomes notáveis para dar credibilidade. Deu certo com Itamar, também pouco hábil na condução política, e com o país vivendo uma situação inusitada. Por que não daria com Temer, com mais traquejo político e com o país mais maduro politicamente?