Temer faz o que pode
Estão longe das expectativas da sociedade as escolhas do presidente Temer para os ministérios. Vivendo o trauma das denúncias de tanta corrupção, o que se esperava era uma nova equipe sem manchas, sem sombras sequer, e exaltada por sua competência técnica. Pessoas, enfim, sem pecado original nem venial.
Pode ser o ideal e a indicação de querubins políticos seria, sem dúvida, uma sinalização de rompimento com o mal e o abraçar o caminho do bem político. Ideal mas não possível neste momento. Temer está formando uma equipe que seja capaz do embate político, de fazer com que as coisas andem no Congresso. É tropa de choque mesmo, pois sua preocupação mais imediata é melhorar a estrada para que ninguém sinta saudade do Governo Dilma.
O presidente não é nenhum ingênuo e sabe que enfrentará mares revoltos e que, neste momento, o máximo que é possível fazer é agarrar o leme para não permitir que o navio fique a rodopiar até ir a pique. Onde ele precisa de alta competência agora é na economia, daí a escolha e a carta branca a Henrique Meirelles para tudo. A ele caberá dar a estabilidade de que o Governo necessita, até mais do que ar, neste primeiro momento de interinidade.
Os restantes do ministério fazem parte da infantaria do governo, com a missão de romper barreiras, assegurando o apoio político necessário. Objetivamente, Temer não pode se preocupar agora em conquistar o apoio de toda a sociedade. De nada valerá ser o “queridinho” se não tiver sustentação política. Nossa história mais remota e a mais recente têm exemplos disto.
Michel Temer está jogando o jogo político e escolheu jogadores que lhe são fiéis e que, dentro de campo, chutam a canela se for preciso. São de assustar, mas, queiramos ou não, são necessários agora. Além do mais, sabem que estão sob vigilância constante do juiz, o que os obriga a apenas jogar o jogo, sem outras saliências.