O Brasil precisa de um New Deal


Por José Aparecido Ribeiro, jornalista

19/03/2019 às 06h28

A nação mais rica do planeta, os Estados Unidos da América (EUA), já viveu crises que abalaram sua economia, especialmente a de 1929, quando o país entrou em recessão com consequências danosas para sua população. Desemprego, estagnação econômica e quebradeira geral. Para enfrentar os efeitos do crash da Bolsa de Nova York, o então presidente Franklin Delano Roosevelt implantou o New Deal (Novo Acordo), um plano econômico que modificou a relação do Estado com a economia.

O Brasil precisa urgentemente de um New Deal para sair da crise deixada pelo governo petista entre 2002 e 2017, que provocou o desemprego de 15 milhões de pessoas e a informalidade de mais dez milhões. Nos EUA, o governo adotou como medidas de reação o controle sobre bancos, instituições financeiras e econômicas; investimentos pesados na construção civil, incentivando obras de infraestrutura que geraram empregos e fizeram a roda virtuosa da economia girar.

O New Deal pode ser dividido em quatro dimensões: reformas econômicas e regulação de setores da economia; medidas emergenciais; transformações culturais; e nova pactuação política entre o Estado e fatores sociais, o que formou a chamada coalizão do New Deal. Roosevelt convocou o setor produtivo, afastou os oportunistas do capital, fez uma cruzada contra o atraso e lançou um programa de obras que colocou o país nos trilhos, gerando emprego e prosperidade. Baseado em John Maynard Keynes, a intervenção econômica teve foco no emprego e em rendas básicas, após uma abrupta desaceleração causada pela contração da atividade econômica pela quebra da Bolsa.

O Brasil não precisa inventar a roda. É incentivando a construção civil, a engenharia, promovendo a desburocratização, desestatizando e incentivando a produção que o Governo poderá gerar emprego e renda. O país necessita de programas habitacionais capazes de levar dignidade para um contingente de 18 milhões de pessoas, que vivem em favelas, aglomerados e cortiços urbanos insalubres, inseguros e indignos. As cidades brasileiras pararam no tempo, e não é só por falta de dinheiro, mas por culpa de paradigmas que precisam ser quebrados.

A Constituição de 1998 criou o Estatuto das Cidades, que trouxe amarras que não deixam as cidades evoluírem e se modernizarem. A burocracia, as restrições de fundo ideológico precisam ser substituídas por regras de mercado capazes de atualizar e renovar as cidades. Em 18 anos de Estatuto das Cidades, houve um apagão de obras pelo país. O “lero-lero” no lugar da engenharia, os puxadinhos no lugar das obras de arte. Enquanto isso, a indústria automobilística cresceu, recebeu incentivo e as cidades mergulharam no caos.

Nas ruas das cidades brasileiras circulam mais de 61,8 milhões de veículos. A infraestrutura, no entanto, é a mesma de 40 anos atrás. O resultado desse apagão é visto no trânsito que piora a cada dia. Existe um descompasso entre o que pensam os técnicos, desconectados da realidade, e o desejo do povo brasileiro. Eles defendem cidades sem carros e se baseiam nas experiências europeias, que não se aplicam à mobilidade urbana no Brasil. Querem tirar carros das ruas na marra, ignoram os sinais da população. Ainda que o país invista em transporte público de qualidade, o carro não sai de cena. Através de investimentos e desburocratização da cadeia produtiva da construção civil que o país poderá ficar livre do atraso.

Foi um conjunto de medidas econômicas e sociais tomadas pelo governo Roosevelt, entre os anos de 1933 e 1937, com o objetivo de recuperar a economia dos Estados Unidos depois da crise de 1929, que tirou aquele país do atraso. Esse é também o caminho para tirar o Brasil da maior crise econômica da sua história.

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