Por que existe o Natal?
No século IV, o teólogo São Gregório de Nissa respondeu assim: “Doente, nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era preciso no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram tais que comoveriam a Deus a ponto de fazê-lo descer até nossa natureza humana para visitá-la, uma vez que a humanidade se encontrava em um estado tão miserável e tão infeliz?”.
O Natal existe para salvar-nos, reconciliando-nos com Deus para que assim possamos conhecer o amor de Deus. O Natal existe para que Deus seja nosso modelo de santidade. No Natal, sem perder a natureza divina, Deus assumiu a natureza humana. “Ele permaneceu o que era, assumiu o que não era”, canta a liturgia romana. Assim, o Deus-menino nascido naquela pobre manjedoura é ao mesmo tempo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, “semelhante a nós em tudo, com exceção do pecado” (Hebreus 4,15); Jesus foi “gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nesses últimos dias, para nós e para nossa salvação, nasceu da Virgem Maria, Mãe de Deus, segundo a humanidade” (IV Concílio de Constantinopla).
Jesus quer dizer em hebraico “Deus salva”. O anjo Gabriel dá-lhe como nome próprio o nome de Jesus, que exprime ao mesmo tempo sua identidade e missão (Lucas 1,31). Cristo vem da tradução grega do termo hebraico “Messias”, que quer dizer “ungido”. “Deus o ungiu com o Espírito Santo e poder” (Atos dos Apóstolos 10,38). Portanto é em Jesus Cristo que os homens encontram a plenitude da vida religiosa.
Jesus Cristo é “o ponto para o qual tendem os desejos da história e da civilização, o centro da humanidade, a alegria de todos os corações e a plenitude das suas aspirações. É aquele a quem o Pai ressuscitou dos mortos, exaltou e colocou à sua direita, constituindo-o juiz dos vivos e dos mortos” (Concílio Vaticano II). “Precisamente esta singularidade única de Cristo é que lhe confere um significado absoluto e universal, pelo qual, enquanto está na história, é o centro e o fim desta mesma história: ‘Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim’ (Apocalipse 22,13)” (Papa João Paulo II: Encíclica Redemptoris missio, n° 6).
Desejo a todos um santo e abençoado Natal!
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