A violência assola o mundo

“A tendência é de radicalização das propostas de punição aos criminosos e isto não parece ser a única e a melhor solução”


Por Paulo César de Oliveira - jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil

18/11/2025 às 07h24

O assunto da semana continua sendo segurança. Corremos o risco de ver aprovados de afogadilho modificações profundas na estrutura de combate ao crime no país. Digo que corremos o risco porque, infelizmente, o assunto deixou de ser tratado com a seriedade que exige para subir em palanque eleitoral e tornar-se tema de campanha com tudo que isto representa. E o Brasil não é o único país onde o tema segurança tomou conta de disputa eleitoral.

No Chile, que realizou eleições presidenciais no domingo, com disputa acirrada entre direita e esquerda, como promete ser aqui, a segurança também dominou as discussões. E discutir um tema tão complexo e sério de cima de um palanque não é bom. A tendência é de radicalização das propostas de punição aos criminosos e isto não parece ser a única e a melhor solução. Apenas aumentar pena, como vamos discutindo certamente não é a melhor e nem única solução. Aumentar penas sem reduzir os prazos de andamento dos processos, podem apostar, ajuda pouco ou quase nada. Há muito o que se discutir, muito a analisar e a questão do prazo é apenas um exemplo.

A desastrada ação policial no Rio assanhou nos radicais de lado a lado. As pesquisas eleitorais, em cima do fato, deram a ele dimensão política maior do que de fato tem. E as propostas destrambelhadas começaram. E vão prosseguir esta semana pois de espera uma quarta versão do projeto AntiFacção a ser apresentado pelo deputado Derrite, escalado para ser relator da matéria por ser um radical de direita.

Embora o governo tenha pressa em aprovar o projeto, para ter algo a mostrar no palanque eleitoral, certamente ainda haverá muita discussão e, não duvidem, novas mudanças no projeto original. Mas o combate ao crime organizado tem outras faces. Uma delas a dos devedores contumazes, os empresários que usam a inadimplência fiscal como forma de negócio, para ter vantagem sobre os concorrentes. Um projeto para punir este pessoal está parado na Câmara e o ministro Haddad quer aproveitar o momento para colocá-lo na pauta. Será que consegue? Punir este grupo é certamente uma forma de conter o crime.

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