A ferrovia e a cidade


Por Tribuna

18/11/2016 às 07h00- Atualizada 18/11/2016 às 08h23

José Luiz Britto Bastos

Especialista em engenharia de transportes

 

“Essa inércia preocupa, denota desídia da parte das autoridades, indicando ausência de força política para solucionar um problema que tanto afeta a população”

Por questões óbvias, o tráfego ferroviário que corta a cidade interessa ao município. Para a população, no entanto, a passagem desses trens é um estorvo. Afinal, enfrentar os transtornos diários causados pelos constantes fechamentos de cancelas das passagens de nível é uma tremenda perda de tempo para o trânsito e enorme risco de vida para os pedestres, que, imprudentemente, costumam atravessar os trilhos na frente das pesadas locomotivas, sabe-se lá por quais razões!

O fato é que as passagens de nível têm que acabar. A cidade não pode conviver com esse entrave. Isso é notório, mas há quem faça “vista grossa e ouvido de mercador” sobre esse impostergável clamor público. Parece, no entanto, que a concessionária da ferrovia pouco se importa com isso, pelo menos é o que se deduz de uma recente entrevista de um funcionário à Rádio CBN/JF. À ferrovia o que interessa é que os trens continuem trafegando e ponto final.

Inócuas têm sido as discussões sobre as opções da transposição da ferrovia. Muitas audiências públicas foram realizadas, inúmeras sugestões, apresentadas e discutidas. É tudo perda de tempo. Essa inércia preocupa, denota desídia da parte das autoridades, indicando ausência de força política para solucionar um problema que tanto afeta a população.

As soluções apresentadas para a transposição da via férrea passam pela construção de trincheiras, viadutos, rebaixamento da ferrovia e o anel ferroviário. Trincheiras e viadutos resolvem os problemas do trânsito de veículos, mas não resolvem os riscos a que ficam expostos os pedestres, que atravessam os trilhos em nível. O anel ferroviário é obra de difícil realização em face do alto custo (R$ 1 bilhão). O rebaixamento (de custo ¼ menor que o anel ferroviário) é uma solução que acaba de vez com as passagens de nível da área central da cidade e com os riscos de acidentes, permitindo livre tráfego dos trens numa trincheira longitudinal, a dez metros de profundidade.

A “pá de cal” fica por conta da certeza da impossibilidade de se usarem os trilhos da ferrovia para o transporte urbano de passageiros, até porque, para isso, haveria a necessidade de duplicá-los entre o Centro e Benfica.

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