Catequese e misericórdia
O Papa Francisco iniciou na última quarta-feira, 13, um novo ciclo de catequeses que serão dedicadas à meditação sobre a presença da misericórdia de Deus na Bíblia. Na primeira reflexão, Francisco falou do livro do Êxodo, onde é apresentado o Deus misericordioso. “Ele nos revela seu rosto e seu coração, rico em clemência e lealdade. Ele tem compaixão, está sempre disposto a acolher, a compreender e a perdoar, como o Pai com o seu Filho pródigo”, recordou o Papa.
Na Sagrada Escritura, o Senhor é apresentado como “Deus misericordioso”. É esse o seu nome, através do qual Ele nos revela, por assim dizer, a sua face e o seu coração”, disse o Papa Francisco, na catequese. Milhares de peregrinos acompanharam a reflexão, na Sala Paulo VI. “Ele mesmo, como narra o Livro do Êxodo, revelando-se a Moisés, se autodefine assim: ‘O Senhor, Deus misericordioso e piedoso, lento para a ira e rico de amor e de fidelidade’ (34, 6).” Também em outros textos encontramos essa fórmula, com algumas variantes, mas sempre a insistência é colocada sobre a misericórdia e sobre o amor de Deus, que nunca se cansa de perdoar (cfr Jo 4, 2; Gl 2, 13; Sal 86, 15; 103, 8; 145, 8; Ne 9, 17).
“O Senhor é ‘misericordioso’: esta palavra evoca uma atitude de ternura como aquela de uma mãe para com o filho. De fato, o termo hebraico usado pela Bíblia faz pensar nas vísceras ou também no ventre materno. Por isso, a imagem que sugere é aquela de um Deus que se comove e se amolece por nós como uma mãe quando toma nos braços o seu filho, desejosa somente de amar, proteger, ajudar, pronta a doar tudo, também a sim mesma. Essa é a imagem que esse termo sugere. Um amor, portanto, que se pode definir em bom sentido ‘visceral’.”
“Depois, está escrito que o Senhor é ‘piedoso’, no sentido de que faz graça, tem compaixão e, na sua grandeza, se inclina sobre quem é mais frágil e pobre, sempre pronto a acolher, a compreender, a perdoar. Deste Deus misericordioso é dito também que é ‘lento à ira’, literalmente, ‘longo de respiro’, isto é, com a respiração ampla de paciência e de capacidade de suportar. Deus sabe esperar, os seus tempos não são aqueles impacientes dos homens; Ele é como o sábio agricultor que sabe esperar, dá tempo para a semente boa crescer, apesar das ervas daninhas (cfr Mt 13, 24-30).”
“E, por fim, o Senhor se proclama ‘grande no amor e na fidelidade’. Como é bela essa definição de Deus! Aqui está tudo. Porque Deus é grande e poderoso, mas esta grandeza e poder se desdobram em nos amar, nós assim tão pequenos, tão incapazes. A palavra ‘amor’ aqui utilizada indica o afeto, a graça, a bondade. Não é o amor da telenovela… É amor que dá o primeiro passo, que não depende dos méritos humanos, mas de uma imensa gratuidade. É a solicitude divina que nada pode parar, nem mesmo o pecado, porque sabe ir além do pecado, vencer o mal e perdoá-lo.”
Ao encerrar a catequese, o Papa pediu aos fiéis que rezem pelas vítimas do atentado em Istambul, na Turquia. “Antes de concluir esse nosso encontro, em que refletimos juntos sobre a misericórdia de Deus, convido-vos a rezar pelas vítimas do atentado ocorrido em Istambul. Que o Senhor, o Misericordioso, dê paz eterna aos falecidos, conforto aos familiares e solidariedade a toda a sociedade e converta os corações dos violentos”, disse.
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