Na convivência
Do latim convivere, convivência é viver com. A convivência pressupõe uma existência próxima, uma coexistência harmoniosa. E através dela é que nós testamos, aprendemos, reciclamos e construímos nossa trajetória, definindo-nos na intimidade ou na esfera pública. É bem verdade que, em tempos de tecnologia, apesar dos vários aspectos positivos, cultiva-se uma proximidade relativa, disfarçada. Entretanto ninguém foge à convivência. De muitas formas, precisamos dos outros, assim como os outros precisam de nós.
Jesus ensinou a importância da convivência. Para além disso, o Mestre vivenciou o amar ao próximo como a si mesmo. Como amar o nosso próximo se não estivermos lado a lado, nas lides do dia a dia, enfrentando as dificuldades naturais, aprendendo a ceder, a ver o outro como nosso irmão passível de erros e enganos como nós? Como conviver apenas quando o sorriso se fizer presente, quando as oportunidades desejadas se apresentarem, quando o dia nascer como esperávamos, quando o outro pensar como nós?
A Doutrina Espírita esclarece-nos que o homem não progride sozinho e que, na vida em sociedade, suas faculdades se completam, assegurando seu bem-estar e progresso.
É atribuída ao filósofo grego Sócrates a parábola da verdade, da bondade e da utilidade, como sendo esses três os critérios para a ética na convivência. Através da palavra falada, da escrita, da leitura ou da audição com nosso interlocutor, devemos submeter a mensagem a esses aspectos, considerando se guardamos certeza da verdade da informação, se é nobre e boa e se atende a necessidades úteis.
Também o apóstolo Paulo, personagem marcante na história do Cristianismo, revela importante ensinamento a ser praticado no viver e conviver: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém” (Coríntios 6: 12), destacando a liberdade que o homem tem de se proceder, porém, por outro lado, enfatizando o cuidado com nossas escolhas e no convívio com o próximo.
André Luiz, através de Chico Xavier, destaca o valor da convivência: “A vida vem de Deus, a convivência vem de nós. Aqueles companheiros que nos partilham a experiência do cotidiano são os melhores que a Divina Sabedoria nos concede, a favor de nós mesmos. (…) As pessoas que nos compreendem são bênçãos que nos alimentam o ânimo de trabalhar, entretanto aquelas outras que ainda não nos entendem são testes que a vida igualmente nos oferece, a fim de que aprendamos a compreender. Abençoemos, se quisermos ser abençoados.”
Nas relações diárias, lembremo-nos desses apontamentos, recordando acima de tudo a afirmação do Cristo, que veio à Terra no exemplo da convivência e do serviço: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir” (Marcos, 10-15).
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