Ordem e progresso para quem?


Por MATEUS COELHO, DIRETOR DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS DA UNIÃO ESTADUAL DOS ESTUDANTES DE MG

15/06/2016 às 07h00- Atualizada 15/06/2016 às 08h46

Vivemos episódio inédito em nosso país: a presidente da República foi afastada do cargo por decisão do Senado, que admitiu seu processo de impeachment, levando Michel Temer, o vice-presidente, a assumir interinamente suas funções. Em 1992, Collor renunciou antes disso.

São muitas as irregularidades levantadas no processo de impeachment de Dilma, que vão desde cerceamentos da defesa da presidente até a inexistência de caracterização de crime de responsabilidade, hipótese que autorizaria o impedimento. Há, ainda, denúncia de desvio de finalidade por parte de Eduardo Cunha, que tornaria nulo todo o processo, uma vez que o atual presidente afastado da Câmara aceitou o processo de impeachment como forma de chantagear e punir Dilma e o PT.

Além disso, vivemos uma situação muito estranha: o vice-presidente assumiu as funções de Dilma se valendo de uma agenda completamente diferente e oposta àquela defendida pela presidente e que embasou a chapa eleita. Ora, já tivemos uma composição ministerial que abarcou partidos da oposição como o DEM e o PSDB, além da extinção do MinC, num primeiro momento, e do Ministério das Mulheres, de negros e negras. Também já vimos cortes no Fies, no Prouni, no “Minha casa, minha vida”, anúncios de revisão para pior do “Bolsa família” e do “Mais médicos”: uma girada em 180 graus do programa que fora eleito, sem nenhum respaldo popular ou democrático para isso – o que só se dá pelo voto na urna.

Não podemos nos esquecer ainda dos áudios recentemente vazados, que nos mostram fortes evidências do interesse dos caciques do impeachment e do Governo interino em se paralisarem investigações como a Lava Jato.

O slogan do “Governo Temer” traz a mensagem de “Ordem e progresso”. A quem interessa o progresso à custa de direitos e conquistas sociais e da entrega de riquezas aos gringos, como o petróleo? A quem serve uma ordem que não respeita as instituições, quer parar investigações e tem um vice que impõe agenda oposta ao de sua titular e da chapa que o elegeu? Certamente, não ao povo brasileiro. Temer não nos representa!

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