Sobre a dengue
‘(…) são nesses lugares, privados, de uso familiar, longe do alcance da fiscalização municipal, que surgem os focos do mosquito.’
Tenho recebido várias notícias sobre amigos que contraíram dengue. No caso de alguns, conheço até suas casas. Imagino que em seus quintais e jardins não tenha se formado nenhum criadouro da larva do mosquito. Sei do cuidado que têm quanto a isso. Mas, ainda sim, foram picados e agora se tratam.
De onde veio? Do quintal do vizinho? Do copo ou garrafa lançado na margem da via pública, da ferrovia ou num terreno baldio?
Tenho, por convicção, que quase a totalidade dos casos de focos tenha surgido em locais onde o próprio cidadão teria evitado se não fosse negligente nos cuidados preventivos.
Por mais que se faça propaganda oficial a respeito, por mais que se gaste com divulgação dos cuidados que a população precisa tomar, somos surpreendidos todos os anos com os novos números dos índices de infestação.
Sei que o Poder Público pode ter até parte da parcela de culpa quando, nos espaços sob seus cuidados, o recolhimento do lixo não acontece a contento, a capina não se faz com periodicidade e os entulhos de construção são descartados em locais impróprios e não fiscalizados…
Mas os moradores precisam estar mais atentos às pequenas possibilidades de surgimento de um foco: uma calha mal colocada, uma caixa aberta, uma lata largada, um vaso com água parada, uma garrafa ou copo de plástico deixado encostado num canto do quintal ou jardim… são nesses lugares, privados, de uso familiar, longe do alcance da fiscalização municipal, que surgem os focos do mosquito.
O mosquito não escolhe quem vai picar. Pode até ser que o dono da casa onde ele surgiu não vá pegar a doença, mas o intruso criado em seu quintal passará por cima de seu muro e encontrará na pele do vizinho um bom local pra deixar o mal que carrega.