Vocação industrial de Juiz de Fora


Por Célio Faria de Paula, bacharel em Ciências Contábeis e empresário contábil

13/02/2019 às 07h07- Atualizada 13/02/2019 às 07h26

A incontestável vocação da cidade para o segmento industrial ocorrida no século passado fez com que aqui se instalassem empresas de grande porte do ramo têxtil e de outros segmentos, graças ao pioneirismo de seus governantes e empresários. Apelidada de “Manchester Mineira” por se assemelhar na potencialidade de sua vocação industrial à cidade inglesa, os seus sucessores não conseguiram evitar que o segmento sucumbisse economicamente à proporção em que a rápida evolução tecnológica fazia com que os seus parques industriais virassem sucata.

Na segunda metade do século, os herdeiros da tradição têxtil fizeram proliferar milhares de malharias e tecelagens, colocando Juiz de Fora entre os mais importantes polos de malhas do país. Novamente os empresários foram surpreendidos e nada puderam fazer diante da desordenada liberação pelo Governo da importação de matérias-primas e de mercadorias de países, cujas realidades econômicas colocavam os produtos nacionais em posição de desigualdade no mercado interno em consequência de planos econômicos desastrosos. Poucas empresas sobreviveram a essa catástrofe.
No final do século passado e início do atual, algumas indústrias de porte por aqui se instalaram apesar dos poucos incentivos do Estado e do Município. Como investimento novo e relativamente significativo destaca-se a instalação na cidade das empresas Onduline, Colchões Castor, Codema e Medifarma, ainda pouco para continuar sendo lembrada como “Manchester Mineira”.

Mesmo com a pujança da ArcelorMittal, os esforços da Mercedes-Benz em deslanchar a sua produção de veículos e o heroísmo das pequenas e médias empresas que insistem em se manter no mercado sem qualquer ajuda, o segmento industrial está muito distante do desejável crescimento sustentável. O rápido e crescente desenvolvimento do segmento comercial e de serviços deixa na poeira o segmento industrial.

Retrata a timidez do segmento a ausência de um planejamento municipal arrojado destinado a motivar a instalação de novas empresas, a precariedade dos dois distritos industriais e a falta de ousadia dos políticos locais e lideranças empresariais para reverter esse quadro. Talvez por esses e outros motivos uma importante empresa do segmento de alimentos ainda não se instalou na cidade. Estamos saudosos da vocação industrial de Juiz de Fora.

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