A geração Pokémon


Por Tribuna

10/08/2016 às 07h00- Atualizada 10/08/2016 às 08h07

Chega no Brasil a febre que assola a vida de tantos jovens mundo afora: Pokémon Go! O aplicativo mais esperado de todos os tempos traz como escopo a captura de Pokémons espalhados por cidades, bares, escolas e avenidas num mundo imaginário de pequenos “monstrinhos”.

A realidade virtual é o assunto número um nos grupos de WhatsApp e vem trazendo às ruas verdadeiros sonâmbulos munidos de suas “pokébolas” para concretizarem a captura e, assim, fortalecerem o seu próprio Pokémon caçador.

Os adeptos já se reúnem em parques, shoppings e praças para mergulharem nesse novo mundo que ora insurge… E, literalmente, mergulham! Não enxergam mais nada à sua frente, e alguns relatos já retratam usuários que foram atropelados ou que caíram em buracos e até mesmo foram assaltados, com os seus celulares em punho alto, devido à tão famigerada procura.

Qual é a recompensa pela prisão do Pokémon? (Essa pergunta é boa, e a resposta, melhor ainda.) O poder! Sim! Isso mesmo. O poder que transforma o seu próprio Pokémon em um “bicho” mais forte, quase um xerife do mundo irreal. Dizem os jogadores que o Pikachu é o Pokémon mais difícil de ser capturado, e rumores afirmam que ele foi visto em um parque de Lisboa.

De olho nessa dependência psicológica dos usuários, os fornecedores de produtos e serviço em uma estratégia de marketing quase perfeita vêm se aproveitando dessa situação para aumentarem suas vendas. Em contato com os criadores do aplicativo, contratam a aparição de Pokémons em lugares determinados para atrair o aumento do consumo. Dessa forma, os usuários percebem em seu GPS a multidão de Pokémons em um shopping, por exemplo, e corre para lá.

A exploração estratégica do jogo não para por aí. As ações da criadora “Nintendo” já ultrapassaram 7,5 bilhões em apenas dois dias, e o comércio já recai, inclusive, sobre a venda de Pokémons, podendo o usuário vender cada Pokémon a outro por até R$ 150.

Os perigos do jogo vão além, e jogadores narram ainda que o aplicativo trava automaticamente ao detectar que o usuário se encontra em velocidade superior a 17km/h, exatamente por conta daqueles que estavam ao volante capturando os monstrinhos.

Enquanto o mundo se curva para repensar o combate à evasão tributária, a segurança dos Jogos Olímpicos no Brasil, a crise dos imigrantes na Europa, a fome, a política, a corrupção… nossa “geração de amanhã” se desconecta da realidade para viver um mundo vazio paralelo. Conteúdo perdido.

“Pokémundo”, onde vamos parar?

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.