O caos no meio ambiente
Após os primeiros seis meses de Governo Bolsonaro, o Ministério do Meio Ambiente mergulha na escuridão a proteção das nossas florestas. Ricardo Salles considera o Brasil com desmatamento zero, ignorando de maneira perplexa os especialistas no assunto e, pior, vedando os olhos para os mais diversos órgãos, que, através de imagens de satélite, confirmam que a derrubada da floresta amazônica vem aumentando. Para o ministro, todas essas notícias são frutos da ideologia anterior. O que será das nossas florestas?
A Alemanha e a Noruega são dois países europeus que participam com 99% do Fundo da Amazônia, que tem como finalidade captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e promover a conservação e o uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia, termos do Decreto nº 6.527, de 1º de agosto de 2008. Infelizmente, o país perderá 3,3 bilhões de dólares desses países, porque o ministro Ricardo Salles quer desviar parte dos recursos desse fundo para indenizar os proprietários – leia-se: grileiros – que vivem em áreas incluídas em unidades de conservação da Amazônia. Importante ressaltar que esse fato hoje não é permitido nas atuais normas.
Para fragilizar ainda mais o Fundo da Amazônia, os europeus rejeitaram toda e qualquer insinuação do ministro de que havia indícios de irregularidades nos contratos do fundo, até porque o afastamento de Daniela Baccas, com 15 anos de carreira no BNDES, gestora responsável por esta gestão, foi realizado sem qualquer tipo de inconsistência. Os dois governos europeus afirmaram que nenhuma das auditorias financeiras ou de impacto detectou qualquer tipo de irregularidade ou má gestão dos recursos do fundo.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o mês de junho foi catastrófico para a Amazônia Legal Brasileira: o desmatamento atingiu 920 quilômetros quadrados, um aumento de 88% comparado ao mês de junho de 2018. Atrelado a isso, temos países como a Alemanha e a França que ameaçam não ratificar o tratado de livre-comércio – Mercosul – em função da política irresponsável do meio ambiente, que passou a ser adotada desde o início do atual governo. Enquanto isso, o general Heleno diz para a imprensa que esses dados estão sendo manipulados. Por quem? Pelos satélites? Eles também possuem alguma ideologia espacial? Piada!
O Brasil, em 2019, perdeu a referência de país expoente do meio ambiente. Sob o ponto de vista econômico, caso o país continue com essas ações contrárias, os prejuízos serão incalculáveis! Ser visto como inimigo do “verde” é um perigoso salto no abismo do isolacionismo político e econômico! Temos que preservar nossas florestas!
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