Não há mais vergonha
Perderam a vergonha ou nunca a tiveram?
Ninguém acreditava que haveria mudanças radicais no rumo da nossa história! O tempo é capaz de tudo, até de revelar o verdadeiro caráter daqueles que propugnam pela consideração dos valores morais, éticos ou princípios constitucionais. Desmascara as aparências, revelando a face cruel dos pensamentos doentios, deixando expostas as maldades praticadas conscientemente.
Faz tempo que a naturalização das coisas ilícitas nos governos vem se arrastando, e quebrar essa corrente exige cautela e persistência. Nada fácil terminar com um esquema criminoso que só serve para prejudicar a sociedade, porém, quando assistimos à condução de algum poderoso, político ou empresário, para a cadeia, a sensação é de vitória da população.
O trabalho para combater toda essa onda de corrupção – espalhada na administração dos governos federal, estadual e municipal – exige um esforço conjunto, que depende de persistência, vigilância e afastamento imediato dos atores comprovados na participação de delitos. Vivemos um momento da nova política, portanto não se admite a convivência com os conchavos naturais do passado e tão condenados no presente.
O processo de caça às bruxas tem sido a tônica das investigações da operação Lava Jato, e isso é imprescindível conquanto fatos recentes se revelam assustadores. Afrouxar esse propósito significa contribuir para o crescimento dessa praga de malfeitores. Urge acelerar os processos da Lava Jato e prender os criminosos! O compromisso é com a nação!
Dito isso, o que estaria acontecendo com as nossas autoridades públicas?
No passado, as manifestações de solidariedade a uma determinada autoridade eram feitas por meio de abaixo-assinado, um tipo de documento coletivo, de caráter público, geralmente encaminhado por uma associação representativa da classe aos veículos jornalísticos. Atualmente, as manifestações de apoio contam com a presença física de seus participantes. Exemplo recente aconteceu no Rio de Janeiro, quando cerca de 200 juízes e desembargadores, representados pela
Associação de Magistrados, expressaram seu apoio ao ministro Moro. Durante o ato, foi lido um texto que denunciava a preocupação deles com a independência da Justiça.
Há também as manifestações de apoio, por parte de juízes, ao encarcerado ex-presidente Lula. A participação de magistrados no ato “Boa noite, presidente Lula”, na sede da Polícia Federal, em Curitiba, é algo atípico na história da magistratura. Diria surreal.
O Executivo já encaminhou a proposta de reforma previdenciária, e, quanto à sua aprovação – que é considerada essencial para o equilíbrio das contas públicas -, vale dizer que depende da redução dos ânimos exaltados do presidente da Câmara. De humor em baixa, é normal que a cada dia ele apresente uma nova “dificuldade” para atrasar o andamento da proposta, apesar de ele ter dito que é a prioridade na Casa.
O pacote anticrime encaminhado por Moro, que também exige muita urgência em sua aprovação, tem tudo para ser analisado, mas somente depois da votação da reforma da Previdência ou sei lá quando. Sem pressa, pois não interessa aprovar uma proposta que traria alterações nas leis, em detrimento dos parlamentares que se envolvem em maracutaias.
O jogo político que prevalece no Congresso não corresponde aos anseios do povo. A temperatura está em alta, e nos últimos dias Rodrigo Maia tem andado agressivo e muito assustado com alguma coisa!
No final dessas dissidências, a responsabilidade pela demora na aprovação dessas reformas deverá ser debitada na conta do presidente da República, o qual fez a sua parte celeremente, atendendo a sua promessa de campanha, todavia foi prejudicado por interesses políticos mesquinhos na Câmara. O momento exige serenidade nas discussões – ponderação nas palavras e controle de ego -, deixando de lado a vaidade e a sede de poder, que só servem para prejudicar a governabilidade. Nada de protagonismo exacerbado!