15 anos da Carta de Juiz de Fora

A Carta de Juiz de Fora é uma referência para a preservação e a gestão dos jardins


Por Douglas Fasolato*

08/10/2025 às 07h00

Juiz de Fora empresta seu nome a um importante documento de proteção a bens patrimoniais nacionais. É a Carta dos Jardins Históricos Brasileiros, dita Carta de Juiz de Fora, que foi desenvolvida por pensadores e especialistas sobre o tema durante o I Encontro Nacional de Gestores de Jardins Históricos, em outubro de 2010. A iniciativa nasceu da necessidade de diretrizes, conceitos e procedimentos para atuar de forma qualificada e uniforme na conservação, gestão e valorização de nossos jardins.

A Carta de Juiz de Fora é uma referência para a preservação e a gestão dos jardins com efeito sobre o ambiente e o microclima urbano. É amplamente utilizada em diferentes áreas do conhecimento, do Paisagismo à Geografia, da Agronomia ao Direito. Foi adotada pelo IPHAN, como realizador, desde um evento em Juiz de Fora, junto com a Fundação Casa de Rui Barbosa e a Fundação Museu Mariano Procópio, que participou da comissão gestora até 2016. Outros parceiros se integraram a rede de apoios e parcerias, como a Escola de Belas Artes e o Grupo de História do Paisagismo, da UFRJ, o Laboratório da Paisagem, da UFPE, a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagista (ABAP), o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e a UFJF.

O grupo inicial se estruturou na Rede Brasileira de Jardins e Paisagens, fortalecendo o vínculo entre os jardins e a paisagem. Ao longo dessa trajetória produziu iniciativas efetivas, como a realização do Encontro Nacional de Gestores de Jardins Históricos em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Nova Friburgo e, em sua próxima edição, de 26 a 29 de novembro, em Recife. Na lista de resultados estão cursos, palestras, workshops e publicações que reuniram especialistas nacionais e internacionais a fim de aprimorar e compartilhar conhecimento técnico e intelectual.

Sendo uma iniciativa pensada a partir de Juiz de Fora, cumpre-nos refletir seus resultados e pensar como sensibilizar os diversos setores para seu pleno uso. Apesar de todos os esforços, os jardins históricos não têm recebido do Poder Público a valorização e atenção equivalentes à oferecida a outros bens de valor cultural e artístico. Uma situação nacional, com raras exceções, já que os investimentos e a conservação destes espaços não desfrutam de prioridade institucional, dos orçamentos e de sua execução.
Dessa forma, celebramos os avanços das ideias presentes na Carta de Juiz de Fora, para que esta e outras cidades brasileiras possam trilhar os caminhos do bem viver, prescritos para Terceiro Milênio.

*Douglas Fasolato é pesquisador, curador e gestor cultural

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