O caramujo africano e a dengue


Por VASCONCELOS OLIVEIRA SILVA JÚNIOR, ESTUDANTE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

08/06/2016 às 07h00- Atualizada 08/06/2016 às 08h30

Nos últimos anos, o número de espécies animais invasoras aumentou consideravelmente no Brasil. Dentre as espécies de animais exóticos que ocorrem em nossa cidade encontramos o caramujo africano (Achatina fulica Bowdich, 1822), considerado uma das cem piores espécies invasoras do mundo. Esta espécie foi introduzida no país por volta da década de 1980, por criadores de moluscos, com o intuito de substituir o escargot (Helix aspersa Müller, 1774), caramujo francês.

Não havendo sucesso na comercialização, os animais foram soltos no ambiente. Com isso, o Achatina fulica encontrou condições favoráveis no ambiente que contribuíram para a sua proliferação. Este molusco compete com os moluscos nativos e por isso causa desequilíbrio ecológico, além de ser hospedeiro intermediário de várias parasitoses de interesse médico-veterinário. E qual é a relação desse caramujo africano com a dengue?

Moradores de diversos bairros de Juiz de Fora vêm sofrendo com a invasão desse molusco. Em alguns bairros como Santa Rita, Linhares e Santa Luzia já foram coletadas centenas de animais. Após a morte desses moluscos, suas conchas resistentes, que possuem grande quantidade de cálcio, permanecem no ambiente e acumulam água, propiciando um criadouro ótimo para o Aedes aegypti.

Temos que conscientizar a população de que não basta apenas jogar sal. Segundo alguns autores, o sal prejudica o solo e o plantio, bem como o comportamento de sobrevivência do animal, que, quando se sente ameaçado, libera todos os seus ovos no ambiente. Nesse caso, sua ovipostura pode chegar a 400 ovos.

Ainda não há um método eficaz de controle do molusco. O Ibama recomenda que, após a catação, os moluscos sejam esmagados, cobertos com cal virgem e enterrados, ou até mesmo incinerados, mas sempre quebrando a concha para que não acumulem água e, desta forma, não sirvam como criadouros para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e do zika vírus.

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