É preciso olhar com outro olhar
Estive há alguns dias falando à Tribuna sobre a situação das pessoas em trânsito de rua em Juiz de Fora. Falamos de como a saída do albergue da José Kalil Ahouagi para a Avenida Brasil representa uma mudança de paradigmas em Juiz de Fora. As novas instalações, que contaram com mais investimento, certamente vão melhorar a demanda das pessoas de rua de Juiz de Fora.
Muito polêmico o assunto. Vários moradores, comerciantes, líderes comunitários e religiosos (como entidades católicas, evangélicas e espíritas, que poderiam fazer uma parceria para recuperar essas pessoas de forma espiritual e psicológica) têm ficado preocupados com a mudança do Núcleo do Cidadão de Rua e do Centro Pop para o novo lugar.
Mas essa mudança é uma reivindicação antiga das pessoas em situação de rua de Juiz de Fora. Mais do que isso, os três novos andares contam com sala de informática, lugar para descanso, banho, lazer, lugar para guardar animais, dentro de um local mais adequado e bem localizado para a população de rua, ainda mais se tratando que, do lado do novo endereço, existe a Ascajuf. Ou seja: com a centralização dos lugares onde as pessoas em situação de rua estarão, ficará mais simples a entrada delas na reciclagem. Com isso, há geração de emprego e renda, sendo que, dos 880 moradores de rua, 457 – ou 57% – trabalham de forma informal, vendendo picolés, balas, comida, descarregando caminhões ou com reciclagem.
É uma força de trabalho que movimenta a economia e ajuda a cidade a ficar mais limpa, e ao mesmo tempo faz com que o comércio movimente dinheiro. Por isso, a Prefeitura deveria fazer uma parceria com o Sebrae para que essas pessoas se tornem empreendedoras e gerem emprego e renda para a cidade. Com isso, todos ganham: cidadãos de rua, moradores dos bairros, comércio, além de uma cidade e vizinhança com mais segurança e menos crimes. Deveria haver também parcerias com a Polícia Militar e outros órgãos, que poderiam criar pelo menos mais uma cooperativa de material reciclável, além de uma horta comunitária – sugestão de um presidente de associação de moradores de bairro -, que poderia vender produtos e ajudar as pessoas de rua a terem mais dinheiro no bolso e uma profissão, para voltarem a poder sonhar com uma vida melhor.
A saída da pessoa da rua é a oportunidade dada sem preconceito e com olhar de amor pelo próximo. Devemos olhar o problema e solucioná-lo da melhor forma possível. Esse é o segredo para a diminuição desse triste problema. Que digam senhor Joãozinho, Alan, Arruda, Vilson, Zé Paulino e Márcio, nossos antigos líderes de movimento. Todos agradecem.