Da humilhação à solidariedade
A imagem de jovens pintados, com roupas rasgadas e cabelos raspados, pedindo dinheiro nos semáforos pela cidade era bem comum no início de cada semestre letivo das instituições de ensino superior na cidade. Em Juiz de Fora e em todo o Brasil, eram praticados trotes vexatórios com os novos universitários.
Você já deve ter percebido que, há cerca de dois anos, isso já não acontece mais em nossa cidade. Esse é o tempo em que está em vigor a Lei Municipal nº 13.028/14, de minha autoria. A norma proíbe essas práticas em locais públicos no âmbito do município e propõe substituí-las por atividades de cunho solidário.
Sabemos que dezenas e, até mesmo, centenas de leis são aprovadas todos os anos nos âmbitos municipal, estadual e federal. No entanto, percebemos que a maioria delas passa despercebida pela população e poucas são colocadas em prática. Fico orgulhoso em saber que minha proposta não foi aprovada somente pela Câmara Municipal, mas também por toda a cidade. Como integrante do Poder Legislativo, entendo a importância de produzir normas que sejam relevantes e aplicadas pelos cidadãos.
A lei veio atender à demanda da sociedade, que não estava satisfeita em ver os jovens sofrendo com práticas abusivas daqueles denominados “veteranos”. Juiz de Fora é um polo universitário da região e a lei foi reiterada pelas instituições privadas e pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, que engloba o maior número de estudantes na cidade.
Além dos fatos mencionados no início do texto, aconteciam torturas psicológicas: muitos calouros eram obrigados a se submeterem a “brincadeiras” prejudiciais à saúde, como queimaduras com produtos químicos e ingestão excessiva de bebidas, levando pessoas ao coma alcoólico, por exemplo.
Na contramão da violência, o número de trotes solidários vem aumentando. O artigo 3º da lei incentiva e cita alguns exemplos. Sendo assim, a cada semestre os alunos propõem atividades que promovem o bem, como doação de agasalhos e alimentos para ajudar instituições filantrópicas e manutenção e preservação do meio ambiente. A doação de sangue também tem sido estimulada e é de extrema importância para o abastecimento dos hospitais da região. Essa mudança transforma a experiência dos jovens ao iniciarem a vida universitária, que aprendem, desde o início, a ter um papel relevante dentro da comunidade onde vivem.