Da humilhação à solidariedade


Por ZÉ MÁRCIO GAROTINHO, VEREADOR (PV)

06/05/2016 às 07h00- Atualizada 06/05/2016 às 08h26

A imagem de jovens pintados, com roupas rasgadas e cabelos raspados, pedindo dinheiro nos semáforos pela cidade era bem comum no início de cada semestre letivo das instituições de ensino superior na cidade. Em Juiz de Fora e em todo o Brasil, eram praticados trotes vexatórios com os novos universitários.

Você já deve ter percebido que, há cerca de dois anos, isso já não acontece mais em nossa cidade. Esse é o tempo em que está em vigor a Lei Municipal nº 13.028/14, de minha autoria. A norma proíbe essas práticas em locais públicos no âmbito do município e propõe substituí-las por atividades de cunho solidário.

Sabemos que dezenas e, até mesmo, centenas de leis são aprovadas todos os anos nos âmbitos municipal, estadual e federal. No entanto, percebemos que a maioria delas passa despercebida pela população e poucas são colocadas em prática. Fico orgulhoso em saber que minha proposta não foi aprovada somente pela Câmara Municipal, mas também por toda a cidade. Como integrante do Poder Legislativo, entendo a importância de produzir normas que sejam relevantes e aplicadas pelos cidadãos.

A lei veio atender à demanda da sociedade, que não estava satisfeita em ver os jovens sofrendo com práticas abusivas daqueles denominados “veteranos”. Juiz de Fora é um polo universitário da região e a lei foi reiterada pelas instituições privadas e pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, que engloba o maior número de estudantes na cidade.

Além dos fatos mencionados no início do texto, aconteciam torturas psicológicas: muitos calouros eram obrigados a se submeterem a “brincadeiras” prejudiciais à saúde, como queimaduras com produtos químicos e ingestão excessiva de bebidas, levando pessoas ao coma alcoólico, por exemplo.

Na contramão da violência, o número de trotes solidários vem aumentando. O artigo 3º da lei incentiva e cita alguns exemplos. Sendo assim, a cada semestre os alunos propõem atividades que promovem o bem, como doação de agasalhos e alimentos para ajudar instituições filantrópicas e manutenção e preservação do meio ambiente. A doação de sangue também tem sido estimulada e é de extrema importância para o abastecimento dos hospitais da região. Essa mudança transforma a experiência dos jovens ao iniciarem a vida universitária, que aprendem, desde o início, a ter um papel relevante dentro da comunidade onde vivem.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.