Marcadores de velocidade


Por Celso Pereira Lara, funcionário público aposentado

04/06/2019 às 07h03

Radar, lombada, drone e TruSpeed são algumas criatividades da Engenharia Eletrônica a serviço da sociedade e do aumento na arrecadação.
Há os que são favoráveis e os que são contra os marcadores de velocidade nas ruas e nas rodovias. Há também os que preferem que essas multas tenham seus valores bem elevados. Mas uma coisa é certa: sensores não impedem que motoristas bêbados ou irresponsáveis dirijam no trânsito nem evitam acidentes com vítimas fatais.

Com o aumento do número de pessoas habilitadas a dirigir e com a facilidade de financiamento em vendas e revendas de carros, a circulação de veículos aumentou consideravelmente nos grandes centros urbanos. Prova disso é que observamos diariamente os engarrafamentos no trânsito e a superlotação nos estacionamentos de rua e garagem. A própria expansão da frota de veículos é fator de incremento nas estatísticas de acidentes, e, nesse sentido, é lamentável que as colisões e as mortes no trânsito não sejam evitadas pelas criatividades eletrônicas.

Em sua grande maioria, os que são favoráveis a esses radares não possuem carro e sabem pouco das dificuldades para dirigir no trânsito caótico. E, logo que acontece um acidente, apontam que o veículo estava em alta velocidade, que o motorista é um irresponsável ou que haveria a necessidade de se colocar um sensor naquela área. E falam também em aumentar os valores das multas, porque, somente assim, iria “doer no bolso”, e as infrações diminuiriam. As propostas são diversas, mas os acidentes são inevitáveis.

Mesmo sendo respeitador das leis de trânsito, é quase impossível um motorista passar pelas rodovias BR-040, RJ-106 ou RJ-124, até a Região dos Lagos, sem incorrer ao menos em uma multa de radar, pois essas estradas asfaltadas mais parecem campo minado do que rodovias de livre trânsito de veículos. Sem contar com a traiçoeira fiscalização por radares móveis, que em nada acrescenta para evitar sinistros ou resguardar a vida dos motoristas. A PRF diz que o número de mortos em acidentes graves foi menor em 12 anos no feriado da Semana Santa. Em quatro dias, fizeram 35.077 aut uações e 75.800 imagens capturadas pelos radares fotográficos por excesso de velocidade. Verifica-se que, no feriadão, acidentes estiveram em baixa e multas estiveram em alta!

Contudo, subiu 26% o número de infrações por beber e dirigir. Como prova da falta de consciência e de responsabilidade, há motoristas que dirigem até com garrafa de bebida etílica dentro do próprio veículo. Esse é o problema mais preocupante na trajetória das estatísticas de acidentes graves. Quando se dirige com prudência, exceder a velocidade não significa que o desastre vai acontecer; quando se trata, porém, de motorista alcoolizado ou drogado, a possibilidade é muito grande.

Atualmente, a evolução da eletrônica embarcada na indústria automobilística – como controles de estabilidade e tração, além de maior potência, velocidade e quantidade de airbags -, está a permitir segurança cada vez maior ao condutor, enquanto ruas e rodovias não estão acompanhando o avanço dos recursos tecnológicos dos carros. Paga-se muito caro pelos veículos modernos, IPVA e seguradora. Entretanto, não se tem a devida contrapartida para dirigir com tranquilidade, seja pela má conservação asfáltica ou pela v elocidade máxima permitida.

Não por acaso, o próprio Governo Federal acaba de lançar pacote para melhorar a infraestrutura e a segurança nas rodovias, e o presidente já havia determinado o imediato cancelamento da instalação de oito mil novos radares, considerando que a sua existência não condiz com a finalidade a que se propõe naqueles trechos, deixando transparecer que se trata de arrecadação pecuniária maldosa.

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