A força cósmica do andar de baixo


Por ISMAIR ZAGHETTO, JORNALISTA, SOCIÓLOGO E ESCRITOR

02/06/2016 às 07h00- Atualizada 02/06/2016 às 08h40

As ideias simples, que brotam da coragem e da impetuosidade (para não falar da generosa pitada de aventura), são aquelas que me fascinam. Não raro, apaixono-me por elas.

Como estou neste instante (manhã de domingo – 22 de maio), em que acabo de ler, na matéria de capa do nosso inspirado Caderno Dois da Tribuna de Minas, o gostoso texto “Acima de tudo, resistir”, do repórter Mauro Morais.

Essa iniciativa de um grupo de artistas já começa bem pela felicidade do título “Andar de Baixo”. Imagine-se um espaço cultural onde pode rolar de tudo que a criatividade comporte. Essa pseudomarginalidade embutida na denominação adoça-nos a boca mesmo antes de começar. Esses garotos, gente, merecem o nosso respeito. Mais que isso, o nosso incentivo.

Afinal, como lembra o celebrado ator, produtor e diretor Marcos Marinho, na referida matéria, “arte é tão importante quanto comer um cachorro-quente na esquina”. Bingo! Com a coragem e a espontaneidade que lhe são próprias, o dramaturgo e animador cultural desnuda literalmente a veste do que chamamos cultura, para entranhar-lhe toda a força antropológica de sua simplicidade.

Vai ser fácil? Não. Nunca é, quando conhecemos o verniz conservador da sociedade. Mas, exatamente aí reside a coraça de resistência e coragem do empreendimento, que certamente confia na sensibilidade de tantos quantos reconhecem a necessidade imperativa de apostar, como esses cinco jovens, nos generosos resultados das ideias de vanguarda.

Modestamente, e sem querer parecer aprendiz de oráculo, confio no que esses meninos estão fazendo e exorto a comunidade a incentivá-los com presença e com o necessário reconhecimento das carências materiais de que se revestem iniciativas corajosas como esta.

Afinal, pegando carona no que disse Marcos Marinho, é saudável lembrar que o cachorro-quente da esquina é gostoso, mas que teve um custo para quem o preparou.

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