Freud explica Bolsonaro


Por Paulo César de Oliveira, jornalista e diretor-geral da revista "Viver Brasil" e jornal "Tudo BH"

02/04/2019 às 06h53

Não é bom tratarmos com desprezo, ou análises simplistas, o comportamento político do presidente Bolsonaro e de seu grupo, notadamente o núcleo familiar, nos três primeiros meses de Governo. Podem estar executando uma bem urdida trama política que os leve – talvez não o país – ao paraíso. Podem estar tramando um estado tal de governabilidade que permitirá ao Brasil realizar todas as mudanças dentro de uma nova política, sem os empecilhos dos não patriotas que querem impedir a pátria amada Brasil de atingir seu inexorável destino de grande nação.

Se não for essa a hipótese, melhor será pesquisarmos a literatura para, quem sabe, encontrarmos em Freud, por exemplo, explicações para tanta disposição ao conflito e ao confronto inconsequente. Freud explica, diziam sempre diante do aparentemente inexplicável comportamento humano.
Mas, infelizmente, o país não tem mais tempo a perder com genialidades e “geniosidades” freudianas. O abismo é logo ali, e precisamos nos desviar dele. E o primeiro ato do presidente deve ser, afinal, explicar ao distinto público o que pensava, e não falou, antes das eleições.

O presidente e seu grupo não podem se esquecer de que disputaram uma eleição sem apresentar propostas. O presidente foi eleito muito mais pela farda que vestiu um dia do que por suas propostas. Para o eleitor, ele era muito mais o guarda da esquina, que acabaria com a violência e prenderia os corruptos. Ninguém imaginou que ele se elegeria para ficar de briguinhas com parlamentares, até porque o eleitor imaginava que ele era maior do que isso, e, muito menos, para fazer uma reforma da Previdência da qual ninguém duvida da necessidade.

Mas para o povo, este povo que queiram ou não o Legislativo representa, esta necessidade não está provada. Dizer que “a nova Previdência” vai trazer de volta nosso crescimento econômico, e, com ele, o emprego, a comida na mesa, a casa própria, é vender lote na lua. E o Governo sabe disso. Portanto fala sem a convicção indispensável para convencer a população que, hoje, tem medo de não poder se aposentar.

E precisa mudar seu comportamento imediatamente. Precisa dialogar com o Legislativo e, mais ainda, com o povo. Parar com essa história de que vai economizar um trilhão de reais em dez anos, pois um trilhão é cifra inimaginável para o povo, e dez anos é tempo muito distante para quem votou no presidente acreditando que ele mudaria o país imediatamente.

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