Matança permanece alta em Juiz de Fora
De uma cidade pacífica e ordenada, Juiz de Fora está vendo explodir a taxa de homicídios e não está encontrando meios de combater eficazmente esta triste realidade que se abate, principalmente, sobre a juventude. Em 25 anos, entre a década de 1990 e estes dois meses de 2016, a cidade saiu de 4,4 homicídios por cem mil habitantes para 28,4 homicídios por cem mil habitantes, o que significa um aumento de 238% no número de assassinatos. Esse aumento na taxa de homicídios para 28,4 homicídios por cem mil habitantes situa a cidade acima da média nacional, que em 2012 foi de 20,4. No entanto, uma década antes, a taxa de homicídios em Juiz de Fora era de 8,4 por cem mil habitantes. Em todo o país, os dados de 2014 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam uma taxa média de homicídios de 25,2 casos por cem mil habitantes.
Alguma coisa aconteceu em Juiz de Fora entre 2009 e 2010 que mudou o padrão de mortalidade violenta na cidade, ressalta Leandro Piquet Carneiro, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e do Núcleo de Pesquisas de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo. Entre 1996 e 2009, morreram em média 40 pessoas por ano, segundo dados do Datasus, e, a partir de 2009, até o ano passado, foram 106 homicídios em média. Isso representa um aumento de 171% no curto espaço de seis anos. Os efeitos desse repentino aumento da violência, na opinião de Leandro Piquet Carneiro, podem ser nefastos para a cidade. Dados internacionais indicam que, para cada assassinato consumado, existem 7,5 tentativas que geram ferimentos graves. Isso significa que, em 2015, em Juiz de Fora, além dos 131 assassinatos, aproximadamente 980 pessoas ficaram feridas em decorrência de conflitos violentos, assegura o pesquisador.
Em Juiz de Fora, os 131 homicídios ocorridos em 2015, os 141 assassinatos, em 2014, os 139 assassinatos, em 2013, e os 99 homicídios, em 2012, desafiam as autoridades mineiras e juiz-foranas. Em quatro anos, entre 2012 e 2015, Juiz de Fora contabilizou 510 homicídios, sendo que a maioria vitimou jovens de até 29 anos. E, só em janeiro e fevereiro de 2016, a cidade já teve 27 assassinatos, sendo 19 entre jovens de 15 a 28 anos e sete homicídios entre 33 e 50 anos.
Juiz de Fora contabilizou 12 homicídios em janeiro de 2016 e 14 assassinatos em janeiro de 2015, 2014 e 2013. Em fevereiro de 2015, foram 15 assassinatos; em fevereiro de 2015, ocorreram 12; em fevereiro de 2014, aconteceram 20; e, em fevereiro de 2013, foram 12 homicídios.
Os altos índices de assassinatos registrados até agora em 2016 e em 2015, 2014, 2013 e 2012 assustam a cidade e mobilizam setores para conter a matança e para refletir sobre o que está levando parte da juventude juiz-forana a ser exterminada, principalmente em três regiões: Zona Norte, Zona Leste e Zona Sudeste. Mas estes primeiros números de janeiro e fevereiro são um sinal claro de que a matança não caiu e de que algo de concreto precisa ser feito com urgência para reduzir drasticamente o número de homicídios e para diminuir a violência na cidade.
Sob o ponto de vista das ocorrências de homicídios, Juiz de Fora deixou o grupo das cidades brasileiras menos violentas e está entrando no ranking das cidades violentas. O pesquisador Leandro Piquet Carneiro defende que o Estado e a sociedade juiz-forana precisam adotar medidas urgentes para diminuir a matança, que desafia os gestores públicos nos últimos quatro anos; caso contrário, a meta de homicídios para 2016 continuará a ser fixada pela “mão invisível” do crime, por centenas de traficantes de drogas ou por jovens em busca de vingança.