A venda do Salles vai acabar com o Tupi

“Se o clube não cuida da sede, como manterá um CT e um estádio?”


Por Matheus Brum, jornalista, escritor e estudioso do futebol de Juiz de Fora

02/02/2020 às 06h10- Atualizada 03/02/2020 às 18h13

História não se vende! Mas essa é uma opinião pessoal, sem embasamento científico. Agora, vamos aos fatos. O Tupi está prestes a entregar o Salles de Oliveira, localizado em Santa Terezinha – avaliado em R$ 12 milhões – para a Construtora Rezende Roriz. A contrapartida é que a empresa irá construir um centro de treinamento e um estádio de pequeno porte. Há a chance de uma compensação financeira para o clube, que usará o dinheiro para pagar dívidas.
A proposta está sendo divulgada como a “salvação” do Tupi. Detesto ser estraga-prazer, mas já sendo: esta transação irá acabar com o clube!

Não me venham com chorumelas de que não há saída. As últimas administrações – com apoio de torcedores e de parte da imprensa – moldaram o atual cenário. A falta de transparência e as promessas não cumpridas levaram o Tupi a cair em descrédito, principalmente com os empresários locais.

Sem querer abrir a “caixa preta” do clube, a atual diretoria – que responde na Justiça por possíveis fraudes na última eleição – surge com a ideia de trocar seu mais valioso patrimônio. Como acreditar que essa gestão, que prega pela falta de transparência, irá fazer uma negociação correta? Como crer que a operação não gerará problemas no futuro? Ou vamos esquecer dos escândalos que o atual presidente se meteu na primeira gestão, no início do século?

Se o clube não cuida da sede, como manterá um CT e um estádio? E se daqui a uns anos esses espaços estiverem “às traças” como o Salles? A solução será vender? Os valores serão os mesmos? Muitas perguntas, nenhuma resposta.
Carijó, sei que está desesperado! Mas um novo Tupi não virá dessa operação ou dessa diretoria! A oposição não pode surgir a cada três anos. Precisa estar ativamente no clube. Precisamos saber a real situação financeira do Galo, os processos, as dívidas e o patrimônio. Com transparência, chamar torcedores e empresários dispostos a reconstruir, como em outros times. Os que estão no poder querem que percam a esperança para fazerem o que quiser com o clube.

Conselheiros que definirão a venda, me dirijo a vocês. Sei que muitos não ligam para a instituição. Mas, agora, é a hora de terem o mínimo de respeito com essa história centenária. Não vendam o Salles!

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