Redes para a comunhão
Neste domingo, 2 de junho, quando a Igreja celebra a Ascensão do Senhor, é comemorado também o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Em janeiro, o Papa Francisco divulgou uma mensagem para essa data, 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais, onde adverte sobre o risco de a internet e as redes sociais, em vez de serem “uma janela aberta para o mundo”, se tornarem “uma vitrine onde se exibe o próprio narcisismo”.
“A rede é uma oportunidade para promover o encontro com os outros, mas pode também agravar o nosso autoisolamento, como uma teia de aranha capaz de capturar. Os adolescentes é que estão mais expostos à ilusão de que a social web possa satisfazê-los completamente a nível relacional, até se chegar ao perigoso fenômeno dos jovens ‘eremitas sociais’, que correm o risco de se alhear totalmente da sociedade.”
“Somos membros uns dos outros” (Ef 4, 25): das comunidades de redes sociais à comunidade humana, diz a saudação do Papa. O bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, divulgou um comunicado onde diz que “as redes sociais não existem para alimentar ódio e insuflar preconceitos étnicos, sexuais, religiosos, mas para facilitar a comunidade humana. E nela, sejamos membros uns dos outros”.
Em sua mensagem, o Papa diz que “hoje, o ambiente dos mass media é tão invasivo que já não se consegue separar do círculo da vida cotidiana. A rede é um recurso do nosso tempo: uma fonte de conhecimentos e relações outrora impensáveis. Mas numerosos especialistas, a propósito das profundas transformações impressas pela tecnologia às lógicas da produção, circulação e fruição dos conteúdos, destacam também os riscos que ameaçam a busca e a partilha duma informação autêntica à escala global. Se é verdade que a internet constitui uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber, verdade é também que se revelou como um dos locais mais expostos à desinformação à distorção consciente e pilotada dos fatos e relações interpessoais, a ponto de muitas vezes cair no descrédito”.
“O panorama atual convida-nos, a todos nós, a investir nas relações, a afirmar – também na rede e através da rede – o caráter interpessoal da nossa humanidade. Por maior força de razão, nós, cristãos, somos chamados a manifestar aquela comunhão que marca a nossa identidade de crentes. De fato, a própria fé é uma relação, um encontro; e nós, sob o impulso do amor de Deus, podemos comunicar, acolher e compreender o dom do outro e corresponder-lhe.”
“Esta é a rede que queremos: uma rede feita não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres.”
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