Onda de calor é mais um alerta da natureza
A forte onda de calor que atingiu especialmente a Região Sudeste é fruto da instabilidade climática e pode se repetir ao curso do ano prestes a começar
Pelo menos em oito estados – entre eles Minas Gerais – a população teve que compartilhar os festejos de Natal com uma forte onda de calor. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) lançou dois alertas separados. O primeiro, classificado como de grande perigo, atingiu os estados de Rio, São Paulo e parte de Minas Gerais, Paraná, Goiás, Santa Catarina e Espírito Santo.
O segundo alerta foi destinado ao litoral capixaba até o centro de Goiás. Juiz de Fora está no primeiro pacote, como foi possível perceber especialmente no sábado, quando a temperatura ficou acima dos 34ºC. Em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, mais de mil pessoas foram atendidas nos postos médicos, a maioria por insolação.
O Inmet revelou que a onda de calor foi causada por um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, que é uma formação de ventos intensos em alturas elevadas que giram em sentido contrário. Com isso, a massa de ar seco não se desloca, favorecendo o bloqueio atmosférico.
Como o verão está apenas começando, é de se esperar por novas ondas que serão seguidas de fortes tempestades, mas, paradoxalmente, abaixo dos níveis esperados para o verão. As previsões apontam para um período com menos frequência de chuvas a despeito dos fortes temporais, como o que atingiu Juiz de Fora há duas semanas, com volumes acima de 110 milímetros.
Toda essa instabilidade é resultado do La Niña, que paira sobre o Hemisfério Sul, mas tem também como causa a instabilidade climática. No Hemisfério Norte, o inverno é um dos mais rigorosos, com temperaturas abaixo de zero e grande projeção de neve.
E vai ser assim daqui por diante, já que os países relutam em tomar providências para evitar o efeito estufa. Haverá forte incidência de chuvas em algumas regiões e escassez em outras, enquanto as temperaturas estarão nos extremos. O aquecimento global leva a essas consequências. A temperatura do planeta aumentou 1,2º Celsius em relação ao período pré-industrial. Parece pouco, mas, além de intensificar os eventos extremos, altera correntes atmosféricas e oceânicas e desregula as estações do ano. O que antes era raro passa a ser rotina. A forte chuva que caiu sobre Juiz de Fora foi comparada a um evento ocorrido há 143 anos.
E não basta tratar apenas dos fenômenos. É necessário tratar também das suas consequências. As mudanças climáticas têm forte influência na redução da produtividade agrícola, com perdas de safras por seca ou excesso de chuvas – aumenta o número de pragas e eleva os preços ao consumidor final.
A saúde humana também é colocada em risco. As mais de mil pessoas atendidas em postos no Rio e em São Paulo foram vítimas desse desarranjo. Ao fim e ao cabo, a crise climática pode levar até mesmo a uma crise sanitária.








