Programa Boniteza: Ações de zeladoria em Juiz de Fora somam mais de R$ 120 milhões em 2025
Ao longo do ano, foram empregados mais de R$ 120 milhões em ações de zeladoria; especialista aponta que obras de infraestrutura urbana são mais comuns em Zonas adjacentes ao Centro
Em 2025, foram empregados mais de R$ 120 milhões em ações de zeladoria na cidade, conforme informações da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). O serviço mais executado foi o de tapa-buraco, um total de 10.500 intervenções, 6 mil a mais do que o mais demandado pela população, que foi de capina e roçada, com 4.356. Dentre os trabalhos citados pelo Executivo municipal, estão ainda a retirada de 17.500 m³ de resíduos de córregos, afluentes e Rio Paraibuna; a recuperação da margem de 19 córregos; e a retirada de 250 toneladas de lixo das bocas de lobo. As ações integram o balanço anual do programa Boniteza.
Desde a criação do Boniteza, ainda no primeiro ano de gestão da prefeita Margarida Salomão (PT), em 2021, o espaço público de Juiz de Fora ganhou um programa que busca, nas palavras da Administração, “promover, integrar e articular intervenções e melhorias urbanas relacionadas a serviços de zeladoria”.
“Essas ações de zeladoria expressam os problemas mais recorrentes no cotidiano da população”, explica a doutora em planejamento urbano, Denyse Delgado. Conforme a especialista, as intervenções são feitas em elementos que compõem a cidade, como praças, ruas e calçadas. A relevância atribuída aos problemas encontrados nesses locais varia de acordo com a experiência de quem convive com eles – e também de como o Poder Público vê a urgência por ações de zeladoria.
Segundo as informações da PJF, os serviços mais demandados no ano ao Gabinete de Ação e Diálogo Comunitário – responsável pelo atendimento aos pedidos de zeladoria enviados pela população ao Executivo municipal – foram o de capina e roçada em locais onde a vegetação alta dificulta a mobilidade e contribui para a proliferação de animais vetores de doenças, com um total de 4.119 solicitações, seguido de tapa-buraco (3.405); ponto apagado – iluminação pública (2.794); roçada e limpeza de canteiros centrais (2.703); e poda ou corte de árvore em área pública (1.513).
Já os cinco serviços mais executados foram tapa-buraco (10.560); varrição (7.107); ponto apagado – iluminação pública (6.909); retirada de entulho em via pública (4.826); e capina ou roçada (4.356).
“Embora o volume de ações de zeladoria possa, à primeira vista, sugerir eficiência da gestão pública, para avaliar seus desafios e seu sucesso seria importante a adoção de ferramentas sistemáticas de monitoramento”, aponta Denyse. Na avaliação da urbanista, é fundamental que a PJF disponibilize um painel ou aplicativo que permita que a população acompanhe indicadores comparativos entre a demanda solicitada e aquelas em execução, além de recursos alocados e cobertura territorial. “Como em qualquer outra política pública, esses dados são essenciais para se identificar padrões, adaptar estratégias e tomar decisões que podem substituir custos operacionais rotineiros”, argumenta.

Demandas por ações de zeladoria nas regiões da cidade
A Tribuna contabilizou os problemas de zeladoria denunciados pelos leitores à editoria de Vida Urbana, que recebe diariamente flagrantes de situações como mato alto, problemas em calçadas, ausência de sinalização de trânsito, descarte irregular de lixo, entre outras. Em 2025, foram 71 denúncias sobre dificuldades enfrentadas pelos moradores da região central – 31 a mais do que a Zona Sul, segunda com mais demandas apresentadas ao jornal.
Para Denyse, o adensamento populacional no Centro, somado à concentração de serviços públicos e privados, faz com que os serviços de zeladoria se concentrem na região – o que seria uma perspectiva esperada para a cidade. Em contraste, a população que vive fora da região central pode apresentar uma menor “pressão cotidiana” pela manutenção de espaços públicos e uma maior demanda por requalificação e investimento em infraestrutura, especialmente em lugares marcados pela elevada vulnerabilidade social.
A análise de Denyse ajuda a explicar o porquê de, por exemplo, bairros na Zona Norte e na Zona Sul terem recebido obras de drenagem. No total, conforme a Prefeitura, foram cinco quilômetros de novas redes de drenagem instalados no município. Além disso, intervenções através de serviços de erosão, recomposição de passeio, pequenas contenções e recuperação de escadões também marcaram algumas das localidades adjacentes ao Centro.
Já na Zona Rural, a PJF realizou ações prioritariamente em pontes, substituindo construções de madeira pelo concreto, e intervenções em estradas vicinais.
Cidadãos devem cobrar o Poder Público
Convivendo diariamente com problemas em equipamentos públicos, espaços urbanos de mobilidade ou mesmo com irregularidades proibidas em lei, o entendimento sobre a necessidade de zeladoria é cada vez mais necessário na sociedade.
“Os espaços urbanos são atravessados pelas forças políticas e econômicas e marcados por conflitos e interesses diversos. A leitura das ações de zeladoria precisa avançar para uma abordagem mais sistêmica e abrangente sobre a qualidade do espaço público, superando uma visão estritamente operacional”, defende Denyse.
A urbanista acredita que a responsabilidade dos cidadãos está em articular políticas de desenvolvimento urbano do território municipal, promovidas de forma participativa. Para ela, a interação entre investidores privados, proprietários, moradores, usuários e o Poder Público é a forma correta de garantir melhorias urbanísticas e também sociais.
Para solicitar ações de zeladoria em Juiz de Fora, basta entrar em contato com o Gabinete de Ação e Diálogo Comunitário pelo telefone (32) 3690-7241. De acordo com a PJF, as atuações ocorrem não apenas mediante solicitação, mas também a partir de monitoramento feito pelas equipes técnicas da pasta responsável.

*Estagiário sob supervisão da editora Gracielle Nocelli









