Como antes
As chuvas de verão e a dengue têm mostrado, como antes, a face perversa do descarte indevido do lixo na cidade. Bueiros entupidos e focos do mosquito Aedes aegypti são resultado dessa leniência, mas nem assim os hábitos mudam. Depois do temporal de terça-feira, diversas entidades representativas, como o Sindicato do Comércio, chamaram a atenção para a impermeabilização das ruas. Com mais asfalto, as águas se acumulam. Porém foi ressaltado que o problema não está na modernidade, e sim na ação predadora dos que usam o caminho mais fácil para se livrarem de seus entulhos.
Mais do que nunca, a conscientização coletiva se faz necessária não apenas por meio de campanhas institucionais, mas também nas escolas. A despeito de tudo o que já foi dito, ainda há uma expressiva parcela que não faz a ligação de causa e efeito que ocorre sistematicamente. A cada chuva, por exemplo, o Rio Paraibuna se torna um corredor de lixo, especialmente de garrafas pet, colhidas pela força das águas às margens do rio. A Tribuna já fez os mais diversos flagrantes, a começar por móveis e outros equipamentos, que, em vez do caminho correto, foram atirados nas águas.
Mas não é só isso. Pequenos gestos também se tornam grandes problemas quando são recorrentes. Papéis jogados nas ruas não provocam indignação aos autores, mas o somatório é perverso. Os bueiros, que as entidades indicam estar entupidos, são os pontos mais afetados.
Juiz de Fora tem um eficiente sistema de recolhimento de lixo, que cobre praticamente toda a malha urbana, mas, enquanto não houver envolvimento coletivo, o cenário será o mesmo no período das chuvas. A comunidade precisa ser alertada dessa relação, sob o risco de viver sazonalmente um problema que, pelo menos em parte, poderia ser resolvido se houvesse colaboração.